Uma folheada
superficial nos livros de História do Brasil ou, indo ao detalhe, na História
do estado de São Paulo, é o suficiente para perceber que a região do Vale do
Ribeira mereceu pouca atenção dos
pesquisadores. Omissão, ou falta de material histórico de interesse?
Nesse caso, o que seria de interesse histórico? Cultura? Conflitos? Economia? Seja
qual for ponto de referência, como já dissemos, o Vale do Ribeira não passou no
teste. Para não nos prolongarmos muito, de Washington Luís, com sua História da
Província de São Paulo, a Boris Fausto, com sua História do Brasil, passando pelo
“Os homens que governaram São Paulo” de Odair Rodrigues Alves, qualquer
pesquisa, que se destine a verificar a importância histórica desta região do
sul do estado mais próspero do Brasil, se frustra.
“É a economia, estúpido”, a famosa fala do
marqueteiro de Bill Clinton nos parece
uma resposta simples ao “porquê” do grande vácuo histórico que envolve a região
do Vale do Ribeira. De fato, se começarmos pelo início da colonização
portuguesa, no Brasil, a região sul-paulista pouco interesse despertou nos exploradores
lusitanos. Logo no início de nossa caminhada histórica, a parada, em Cananeia,
da expedição exploradora de Martim Afonso de Sousa, provavelmente só serviu
como sinalização dos limites meridionais da colônia. A arrancada colonizadora
de São Vicente, com a escolha da Vila para centro decisório de uma incipiente
capitania, serviu para dinamizar o eixo litoral-interior, mas apenas dessa vila
em direção ao planalto de Piratininga.
Um breve resumo
da história econômica da Região Sudeste do Brasil, atualmente a mais próspera
do país, fornece uma razoável explicação para o silêncio que envolve o passado do Vale do
Ribeira. Com efeito, depois de uma frustrada busca de ouro nas imediações de Jaraguá,
nas proximidades do eixo São Paulo-São Vicente, os vicentinos, que já começavam
a ser denominados de “paulistas”, se deslocaram em massa para as “minas gerais”,
a nordeste da Capitania, início de um vitorioso ciclo de riquezas, que acabou transbordando
para os futuros estados de Goiás e Mato Grosso. É de se notar que a pesquisa do
“ouro de lavagem”, isto é, tirado do leito dos rios, foi uma constante, em
quase todo o território brasileiro então conhecido, o que inclui o Vale do
Ribeira. Entretanto, a avassaladora abundância do “ouro das minas gerais”
carreou a maioria dos mineradores para aquela região.
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