segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O DRAMA DO VALE DO RIBEIRA – I



 

          Uma folheada superficial nos livros de História do Brasil ou, indo ao detalhe, na História do estado de São Paulo, é o suficiente para perceber que a região do Vale do Ribeira mereceu pouca atenção dos  pesquisadores. Omissão, ou falta de material histórico de interesse? Nesse caso, o que seria de interesse histórico? Cultura? Conflitos? Economia? Seja qual for ponto de referência, como já dissemos, o Vale do Ribeira não passou no teste. Para não nos prolongarmos muito, de Washington Luís, com sua História da Província de São Paulo, a Boris Fausto, com sua História do Brasil, passando pelo “Os homens que governaram São Paulo” de Odair Rodrigues Alves, qualquer pesquisa, que se destine a verificar a importância histórica desta região do sul do estado mais próspero do Brasil, se frustra.

           “É a economia, estúpido”, a famosa fala do marqueteiro de Bill Clinton  nos parece uma resposta simples ao “porquê” do grande vácuo histórico que envolve a região do Vale do Ribeira. De fato, se começarmos pelo início da colonização portuguesa, no Brasil, a região sul-paulista pouco interesse despertou nos exploradores lusitanos. Logo no início de nossa caminhada histórica, a parada, em Cananeia, da expedição exploradora de Martim Afonso de Sousa, provavelmente só serviu como sinalização dos limites meridionais da colônia. A arrancada colonizadora de São Vicente, com a escolha da Vila para centro decisório de uma incipiente capitania, serviu para dinamizar o eixo litoral-interior, mas apenas dessa vila em direção ao planalto de Piratininga.

           Um breve resumo da história econômica da Região Sudeste do Brasil, atualmente a mais próspera do país, fornece uma razoável explicação para o  silêncio que envolve o passado do Vale do Ribeira. Com efeito, depois de uma frustrada busca de ouro nas imediações de Jaraguá, nas proximidades do eixo São Paulo-São Vicente, os vicentinos, que já começavam a ser denominados de “paulistas”, se deslocaram em massa para as “minas gerais”, a nordeste da Capitania, início de um vitorioso ciclo de riquezas, que acabou transbordando para os futuros estados de Goiás e Mato Grosso. É de se notar que a pesquisa do “ouro de lavagem”, isto é, tirado do leito dos rios, foi uma constante, em quase todo o território brasileiro então conhecido, o que inclui o Vale do Ribeira. Entretanto, a avassaladora abundância do “ouro das minas gerais” carreou a maioria dos mineradores para aquela região.

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