Para quem só se restringe a ler as notícias
de jornais, principalmente aquelas provindas dos órgãos governamentais, as
cidades do Vale do Ribeira de Iguape não apresentam qualquer anomalia que as
diferencie das cidades mais prósperas de outras regiões do estado. Os políticos
daqui se vangloriam de seus feitos, como todos os outros, o estado anuncia
grandes providências para resolver os problemas locais e os jornais noticiam
reuniões e mais reuniões, de órgãos públicos e cidadãos, todos interessados na
melhoria das condições de vida da população. A “coisa começa a pegar”,
entretanto, quando são examinados os indicadores sociais, o produto bruto
local, a tendência ao êxodo para os grandes centros de uma grande parte da
juventude da região, o que se pode notar pelos levantamentos estatísticos da
população.
Nada a estranhar, entretanto, quanto ao
noticiário e as atitudes de alguns homens públicos. O papel dos políticos é
manter o otimismo dos eleitores, o do jornal é noticiar as palavras das
autoridades e das pessoas gradas, pois o povo não tem voz e, quando a tem, é
por motivos emocionais, além de seu limite a fatos e locais restritos, como
esses do recente julgamento de um psicopata, ou a expulsão de um grupo de
invasores de uma área particular.
Todas essas considerações me vêm a
propósito de uma notícia que li num jornal regional: “CEREST divulga suas ações
em Registro e região”. O CEREST, Centro de Referência Regional em Saúde do
Trabalhador, abrange com sua ação 15 municípios da Região, e tem a função de
preservar as condições de trabalho em todas as cadeias da produção. O que há a
destacar, nessa notícia, entretanto, não é o trabalho propriamente desse órgão,
mas o fato de ele existir, isto é, de ele se somar a outros tantos órgãos
públicos, não sei quantos, todos dedicados a melhoria das condições locais,
seja quanto à produção, à melhoria do produto, à saúde do trabalhador, à
segurança da população, à educação, etc. etc.
É bem provável que o leitor ainda não tenha
entendido a minha intenção, ou perplexidade, até aqui, falando sobre a
divulgação das ações de um órgão público. Então, vou ser mais explícito: se um
chinês, um tailandês ou um inglês fizerem um levantamento de todos os órgãos
públicos, municipais, estaduais e federais, dedicados à melhoria das condições
da economia e da vida da população, no Vale do Ribeira de Iguape, eles
simplesmente ficarão estupefatos diante das estatísticas negativas da mesma
região. Como é que, perguntarão, sendo servidos por tantos e tão eficientes
(pelo menos pelas notícias divulgadas) órgãos públicos, o Vale do Ribeira de
Iguape apresenta indicativos socioeconômicos tão pífios?
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