sexta-feira, 16 de novembro de 2012

REALIDADE E APARÊNCIA


Para quem só se restringe a ler as notícias de jornais, principalmente aquelas provindas dos órgãos governamentais, as cidades do Vale do Ribeira de Iguape não apresentam qualquer anomalia que as diferencie das cidades mais prósperas de outras regiões do estado. Os políticos daqui se vangloriam de seus feitos, como todos os outros, o estado anuncia grandes providências para resolver os problemas locais e os jornais noticiam reuniões e mais reuniões, de órgãos públicos e cidadãos, todos interessados na melhoria das condições de vida da população. A “coisa começa a pegar”, entretanto, quando são examinados os indicadores sociais, o produto bruto local, a tendência ao êxodo para os grandes centros de uma grande parte da juventude da região, o que se pode notar pelos levantamentos estatísticos da população.

Nada a estranhar, entretanto, quanto ao noticiário e as atitudes de alguns homens públicos. O papel dos políticos é manter o otimismo dos eleitores, o do jornal é noticiar as palavras das autoridades e das pessoas gradas, pois o povo não tem voz e, quando a tem, é por motivos emocionais, além de seu limite a fatos e locais restritos, como esses do recente julgamento de um psicopata, ou a expulsão de um grupo de invasores de uma área particular. 

Todas essas considerações me vêm a propósito de uma notícia que li num jornal regional: “CEREST divulga suas ações em Registro e região”. O CEREST, Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador, abrange com sua ação 15 municípios da Região, e tem a função de preservar as condições de trabalho em todas as cadeias da produção. O que há a destacar, nessa notícia, entretanto, não é o trabalho propriamente desse órgão, mas o fato de ele existir, isto é, de ele se somar a outros tantos órgãos públicos, não sei quantos, todos dedicados a melhoria das condições locais, seja quanto à produção, à melhoria do produto, à saúde do trabalhador, à segurança da população, à educação, etc. etc.

É bem provável que o leitor ainda não tenha entendido a minha intenção, ou perplexidade, até aqui, falando sobre a divulgação das ações de um órgão público. Então, vou ser mais explícito: se um chinês, um tailandês ou um inglês fizerem um levantamento de todos os órgãos públicos, municipais, estaduais e federais, dedicados à melhoria das condições da economia e da vida da população, no Vale do Ribeira de Iguape, eles simplesmente ficarão estupefatos diante das estatísticas negativas da mesma região. Como é que, perguntarão, sendo servidos por tantos e tão eficientes (pelo menos pelas notícias divulgadas) órgãos públicos, o Vale do Ribeira de Iguape apresenta indicativos socioeconômicos tão pífios?

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