Comparando-se a
média do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Vale do Ribeira (0,727) com
o IDH do Brasil (0,730) poderíamos julgar que não estamos, assim, tão mal. Mas antes
de aceitar isso, achamos por bem fazer duas considerações. Em primeiro lugar, o
Vale do Ribeira está situado numa das regiões (Sudeste) mais desenvolvidas do
país; em segundo lugar, “médias” misturam quantidades tão heterogêneas, de
origens tão diversas que não se podem tirar delas senão conclusões relativas.
Assim, pela média do IDH do Brasil só dá para concluir que estamos em piores
condições do que muitos países europeus, por exemplo, porque a média deles,
desse índice, é melhor que a nossa. Mas um estudo região por região poderia
descobrir que muitas regiões europeias estão em piores condições do que alguns
de nossos municípios.
Quero dizer, com
isso, que o IDH deve ser tomado como um valor em si, para determinada região, e
não como um valor relativo. Desse modo, embora alguns municípios, no Vale do
Ribeira, estejam em melhores condições que outros, o perfil de todos eles, com
relação ao IDH, é baixo. Se isso não valesse por si mesmo, como um indicativo do
mau estado de toda a região, ainda teríamos
a ressaltar alguns fatos negativos que podem ser a consequência dos dados
conseguidos com essa medição. Assim, não faz muito tempo, houve uma tragédia
num dos municípios do Vale: uma chuva torrencial causou estragos e mortes de
pessoas, em Itaoca, na região do Alto Ribeira. Qual é a medida do IDH de
Itaoca? 0,650, um dos mais baixos de toda a região. Qual a relação entre uma
coisa e outra? Simples: as condições econômicas e a cultura de seus moradores condicionaram
a construção de casas em lugares inconvenientes, pela falta de segurança e,
ainda de má qualidade, com relação à segurança.
Até aqui, os números
apresentados e mais nossas considerações, inclusive históricas, só conseguiram
dar um retrato ruim da situação do Vale do Ribeira. Não se conclui, entretanto,
que, a partir disso, tenha-se em mãos, automaticamente, um remédio que possa
dar conta do mau diagnóstico apresentado. Uma ideologia ou um programa político-partidário
poderia usar essa situação geográfica precária como bandeira para acenar com
soluções, como se faz, habitualmente, nas disputas por cargos estatais, em
qualquer lugar do mundo. Afinal, a exploração da miséria sempre foi um maná
para maus políticos.
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