sexta-feira, 7 de março de 2014

O DRAMA DO VALE DO RIBEIRA VI



          Comparando-se a média do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Vale do Ribeira (0,727) com o IDH do Brasil (0,730) poderíamos julgar que não estamos, assim, tão mal. Mas antes de aceitar isso, achamos por bem fazer duas considerações. Em primeiro lugar, o Vale do Ribeira está situado numa das regiões (Sudeste) mais desenvolvidas do país; em segundo lugar, “médias” misturam quantidades tão heterogêneas, de origens tão diversas que não se podem tirar delas senão conclusões relativas. Assim, pela média do IDH do Brasil só dá para concluir que estamos em piores condições do que muitos países europeus, por exemplo, porque a média deles, desse índice, é melhor que a nossa. Mas um estudo região por região poderia descobrir que muitas regiões europeias estão em piores condições do que alguns de nossos municípios.
           Quero dizer, com isso, que o IDH deve ser tomado como um valor em si, para determinada região, e não como um valor relativo. Desse modo, embora alguns municípios, no Vale do Ribeira, estejam em melhores condições que outros, o perfil de todos eles, com relação ao IDH, é baixo. Se isso não valesse por si mesmo, como um indicativo do mau estado de toda a região,  ainda teríamos a ressaltar alguns fatos negativos que podem ser a consequência dos dados conseguidos com essa medição. Assim, não faz muito tempo, houve uma tragédia num dos municípios do Vale: uma chuva torrencial causou estragos e mortes de pessoas, em Itaoca, na região do Alto Ribeira. Qual é a medida do IDH de Itaoca? 0,650, um dos mais baixos de toda a região. Qual a relação entre uma coisa e outra? Simples: as condições econômicas e a cultura de seus moradores condicionaram a construção de casas em lugares inconvenientes, pela falta de segurança e, ainda de má qualidade, com relação à segurança.  
           Até aqui, os números apresentados e mais nossas considerações, inclusive históricas, só conseguiram dar um retrato ruim da situação do Vale do Ribeira. Não se conclui, entretanto, que, a partir disso, tenha-se em mãos, automaticamente, um remédio que possa dar conta do mau diagnóstico apresentado. Uma ideologia ou um programa político-partidário poderia usar essa situação geográfica precária como bandeira para acenar com soluções, como se faz, habitualmente, nas disputas por cargos estatais, em qualquer lugar do mundo. Afinal, a exploração da miséria sempre foi um maná para maus políticos.

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