Talvez, voltando um
pouco atrás, na História, pudéssemos levantar alguns fatores que ajudaram outras
regiões próximas do Vale do Ribeira de Iguape a ter maior visibilidade na
administração pública, por conta de seu desenvolvimento econômico. Nem sempre se
podem culpar as condições naturais de um lugar pelas vantagens que proporcionam
a seus habitantes, porque estes também têm que “fazer a sua parte”. É quando há
coincidência entre a atividade humana e as vantagens proporcionadas pelas
condições naturais e pelas providências administrativas, que tudo parece
arranjar-se melhor.
Logo no início da
colonização portuguesa, a divisão em capitanias presenteou a Baixada Santista,
onde já havia um pequeno núcleo habitado, com uma atenção especial que a
colocou como referência, numa região que estava mais afastada do centro inicial
de exploração colonial, do Nordeste e da parte central do litoral da Colônia. O
porto de São Vicente, e outros, próximos dele, como Santos e Cubatão, por conta
de muitos interesses, após alguns anos transcorridos de suas fundações, foram-se
conectando com o núcleo catequista dos jesuítas, nos campos de Piratininga. Com
isso, iniciou-se um contínuo fluxo de pessoas
entre esses dois pontos coloniais que, com o tempo, se transformou em
fluxo de mercadorias.
A partir desses portos, de chegada de alto mar
e de contato com o interior, facilitou-se o desembarque dos colonizadores e
catequistas e o contato com a região pós-Serra da Mantiqueira, criando-se um
eixo dinâmico de colonização, que ligou os exploradores das riquezas da região
com o fluxo comercial-marítimo da metrópole. Esse impulso progressista inicial
norteou todo o processo posterior de desenvolvimento da capitania, mais tarde
estado de São Paulo. Foi desse núcleo dinâmico que se irradiou o impulso
explorador do “ouro das minas”, que enriqueceu as regiões atingidas pela febre
exploratória, bem como os próprios moradores da capitania, que voltavam para
suas origens.
Em épocas mais
recentes, a indústria açucareira, que se firmou no interior do estado,
dinamizou, ainda mais, o eixo interior-São Paulo-Santos (substituindo São
Vicente), pela criação e melhoria das estradas que demandavam o litoral,
passando pela capital. Após o surto açucareiro, vieram as grandes fazendas de
café, os imigrantes e a ampliação e modernização do porto de Santos, logo
seguidos pela industrialização do estado, facilitada pelo incremento
capitalista a partir da agricultura intensiva. Estavam dadas as condições para
que o estado de São Paulo se tornasse o líder econômico do Brasil, do que
resultou a intensa imigração do exterior e de outras regiões do país.
Enquanto isso, a
região do Vale do Ribeira caminhava em ritmo lento, usufruindo pelas “beiradas”
do vigoroso surto econômico do estado, com estradas precárias, navegação
fluvial inicialmente prometedora, mas, logo, estacionária e, por fim, decadente.
A estrada de ferro Sorocabana, criada a partir de 1915, avançou apenas até Juquiá, e sua desativação,
na década de 90, foi um dos sinais mais eloquentes da estagnação econômica da
região. Pouco a pouco, a navegação fluvial também foi sendo desativada,
enquanto a navegação marítima, limitada a uma empresa com poucos barcos, escoava
a efêmera produção bananeira.
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