domingo, 9 de março de 2014

O DRAMA DO VALE DO RIBEIRA VII



                   O DRAMA DO VALE DO RIBEIRA VII

         O enfoque alternado entre os fatos presentes e os episódios históricos de uma comunidade amplia nossa compreensão sobre os significados dos modos com que ela se apresenta. Para evitar a subjetividade de uma visão pessoal, entretanto, devemos recorrer a uma pesquisa estatística, confiando que os números dirão melhor que o descritivo aquilo que procuramos. Os periódicos regionais podem nos auxiliar nessa tarefa, seja nos dando conta da movimentação política local, seja chamando a atenção dos leitores para as anomalias de comportamento, nas páginas policiais.   
          Estatísticas policiais não podem ser invocadas para justificar dificuldades econômicas, mas podem ser indicativos de disfunções sociais complexas, difíceis de resolver. Por sua vez, é muito comum que essas disfunções sociais estejam relacionadas, de algum modo, a dificuldades econômicas. Não há experiências comprobatórias conhecidas, mas qualquer pessoa bem informada acredita que é mais seguro caminhar altas horas da noite numa rua de Berna, na Suíça, ou Copenhagen, na Dinamarca, do que numa rua do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Naquelas duas cidades europeias é bem provável que o passante seja abordado por um guarda, que vai lhe perguntar se está perdido ou procurando algum endereço, ao passo que nas cidades brasileiras, nessas horas incertas, é grande a probabilidade que ele seja simplesmente assaltado. É evidente, nesses casos, que a diferença entre essas duas hipotéticas ocorrências não seja um problema econômico, mas o contexto social diferenciado, do que há evidências conhecidas, mas poucas explicações geralmente aceitáveis.
           Voltando ao problema do crime em cidades do Vale do Ribeira, a Gazeta Caiçara, jornal local de Iguape e Ilha Comprida, edição 6 a 19 de fevereiro de 2014, assinala na seção SEGURANÇA: “Cresce o número de roubos em Iguape e Ilha Comprida”, no comparativo entre 2012 e 2013. “De acordo com as estatísticas (Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo), foram registrados 46 casos em Iguape e 64 na Ilha Comprida (em 2013) contra 39 e 47 no ano anterior. Um aumento de 17,9% e 36,1%, respectivamente”. O mesmo jornal amplia o noticiário, mostrando que houve, a partir de 2009, uma média de 574 furtos por ano, e na Ilha Comprida, 15 homicídios, entre 2009 e 2013. 
            Está claro que um tema desses não pode ser discutido na ausência de outras informações, como desemprego, educação, imigração e emigração, desigualdades sociais, etc. Num recente fórum econômico, em Davos, foi lembrado, segundo nota no jornal Folha de São Paulo, que “A desigualdade está entre os principais fatores de risco que preocupam a elite mundial...” Todos entendemos que “ser pobre” não significa ser delinquente, nem a pobreza é motivação justificável para o crime, mas as dificuldades econômicas são um bom caldo de cultura para os comportamentos antissociais.    

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