VALE
A PENA LER DE NOVO
Este é
um artigo de Luiz Nassif, em sua Coluna Econômica, de 30/04/2009
A influência da Internet não
se dá apenas através de blogs ou novos portais – rompendo o controle da
informação da chamada grande mídia. Um dos aspectos mais instigantes desse novo
modelo é o do estilhaçamento das formas de coordenação da chamada opinião
pública. A partir dos anos 80, essa coordenação foi exercida especialmente
pelos grandes veículos, associados à chamada sociedade civil organizada, que
emerge da resistência contra a ditadura.
Havia um primeiro círculo de
influência, onde eram geradas as ideias centrais. Depois, desses círculos as
ideias transbordavam para um segundo círculo, de jornais, rádios e noticiário
de televisão. Foi batizado do chamado efeito pedra no lago: joga-se a pedra que
gera ondas concêntricas, que se espalham até tomar o lago todo. Foi assim com a
campanha do impeachment de Fernando Collor; e quase assim com o movimento que
quase devorou FHC em seu segundo governos.
As eleições de 2006
mostraram que esse modelo estava puído. Apesar de uma mídia majoritariamente
contrário à sua candidatura, Lula foi reeleito por ampla maioria. Mesmo assim,
as eleições não bastariam para convalidar um novo modelo, devido ao carisma de
Lula e aos erros do governo FHC com a crise de energia.
Há outros fatores que são
mais significativos comprovar as mudanças trazidas pela Internet. Os agentes
dessa mudança são, primeiro, os Blogs, que permitiram a recuperação da
diversidade – que desapareceu da grande mídia. Na Blogosfera é possível
encontrar de tudo, de Blogs de extrema-direita à extrema-esquerda.
Em 2006, no auge do tiroteio
midiático, havia poucos blogs fazendo o contraponto e formas ainda não
estruturadas de repercussão das análises. Agora, não, montaram-se estruturas
informais agilíssimas. Basta uma informação ou análise de maior impacto sair em
determinado blogs para imediatamente ser repercutido por outros – levada por
leitores que pulam de galho em galho. Mas esse fenômeno é mais restrito aos
blogs políticos.
Há um segundo nível de
formação de opinião que são as comunidades ou redes sociais – tipo Orkut ou
listas de discussão. Nesses ambientes, a opinião é formada de modo quase endógeno.
Parte relevante dos participantes fecha-se entre si, trocando opiniões e
chegando a consensos.
Finalmente, há uma nova
opinião pública surgindo nas classes C e D, que começa a ganhar corpo nos
últimos anos. Com o barateamento dos computadores e com algum impulso federal –
como a redução de impostos – há um processo gradativo de inclusão digital, uma
enormidade de blogs temáticos, sites regionais, ligados a cidades, ONGs,
movimentos sociais, ajudando a colocar mais combustível na diversidade da
Internet. ***
É cedo para saber os
desdobramentos desse movimento. Especialmente para saber de que maneira será o
novo modelo político, sem essa articulação grupos políticos-grupos
econômicos-grande mídia definindo a agenda política.
Nenhum comentário:
Postar um comentário