quarta-feira, 13 de março de 2013

A pulverização da opinião pública


                VALE A PENA LER DE NOVO
Este é um artigo de Luiz Nassif, em sua Coluna Econômica, de 30/04/2009
A influência da Internet não se dá apenas através de blogs ou novos portais – rompendo o controle da informação da chamada grande mídia. Um dos aspectos mais instigantes desse novo modelo é o do estilhaçamento das formas de coordenação da chamada opinião pública. A partir dos anos 80, essa coordenação foi exercida especialmente pelos grandes veículos, associados à chamada sociedade civil organizada, que emerge da resistência contra a ditadura.
Havia um primeiro círculo de influência, onde eram geradas as ideias centrais. Depois, desses círculos as ideias transbordavam para um segundo círculo, de jornais, rádios e noticiário de televisão. Foi batizado do chamado efeito pedra no lago: joga-se a pedra que gera ondas concêntricas, que se espalham até tomar o lago todo. Foi assim com a campanha do impeachment de Fernando Collor; e quase assim com o movimento que quase devorou FHC em seu segundo governos.
As eleições de 2006 mostraram que esse modelo estava puído. Apesar de uma mídia majoritariamente contrário à sua candidatura, Lula foi reeleito por ampla maioria. Mesmo assim, as eleições não bastariam para convalidar um novo modelo, devido ao carisma de Lula e aos erros do governo FHC com a crise de energia.
Há outros fatores que são mais significativos comprovar as mudanças trazidas pela Internet. Os agentes dessa mudança são, primeiro, os Blogs, que permitiram a recuperação da diversidade – que desapareceu da grande mídia. Na Blogosfera é possível encontrar de tudo, de Blogs de extrema-direita à extrema-esquerda.
Em 2006, no auge do tiroteio midiático, havia poucos blogs fazendo o contraponto e formas ainda não estruturadas de repercussão das análises. Agora, não, montaram-se estruturas informais agilíssimas. Basta uma informação ou análise de maior impacto sair em determinado blogs para imediatamente ser repercutido por outros – levada por leitores que pulam de galho em galho. Mas esse fenômeno é mais restrito aos blogs políticos.
Há um segundo nível de formação de opinião que são as comunidades ou redes sociais – tipo Orkut ou listas de discussão. Nesses ambientes, a opinião é formada de modo quase endógeno. Parte relevante dos participantes fecha-se entre si, trocando opiniões e chegando a consensos.
Finalmente, há uma nova opinião pública surgindo nas classes C e D, que começa a ganhar corpo nos últimos anos. Com o barateamento dos computadores e com algum impulso federal – como a redução de impostos – há um processo gradativo de inclusão digital, uma enormidade de blogs temáticos, sites regionais, ligados a cidades, ONGs, movimentos sociais, ajudando a colocar mais combustível na diversidade da Internet. ***
É cedo para saber os desdobramentos desse movimento. Especialmente para saber de que maneira será o novo modelo político, sem essa articulação grupos políticos-grupos econômicos-grande mídia definindo a agenda política. 

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