Para homenagear as raízes caiçaras e
preservar a cultura da Cidade, o Governo Municipal de Cananeia, por meio do
Departamento de Cultura, preparou uma programação especial para comemorar o Dia
do Caiçara, celebrado no dia 15 de março: a partir das 19h30, na Praça
Theodolina Gomes, serão realizadas apresentações de capoeira, fandango e dança
de coco.
O ponto principal da comemoração será
o anúncio do tombamento de duas formas importantes da cultura cananeiense: o
Fandango Caiçara e a Cataia. “Tivemos esta inédita iniciativa de tombar ‘bens
imateriais’, com o objetivo de conservar essas duas expressões culturais
importantes para Cananeia”, explicou a Diretora municipal de Cultura, Maria
Rita Basso.
A iniciativa de tombar o Fandango e a
Cataia surgiu por meio de uma
parceria entre o Departamento Municipal de Cultura e o SENAI – Gaspar Ricardo Júnior,
através da elaboração de projetos com os alunos do curso de Agente Difusores de
Patrimônio Cultural. Durante a capacitação, os agentes se conscientizaram de que
é possível tombar, não só edificações históricas, mas também ‘bens imateriais’.
A Bibliotecária, Alaíde Pereira Santos
Faraci, que participou do curso de capacitação, falou sobre o processo de
tombamento do patrimônio. “O curso nos possibilitou uma visão ampla sobre a
preservação de qualquer patrimônio, seja material, ou imaterial. Colocamos em
prática o que aprendemos, justamente para contribuir com a conservação da nossa
cultura”.
O Fandango Caiçara representa a
cultura por meio da música, coreografia e poesia, alternadas entre dança de
roda e sapateados. Já tombado em nível federal pelo IPHAN (Instituo do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o Fandango agora se torna o
primeiro bem imaterial tombado por um município da região estuarina lagunar,
que compreende os municípios de Iguape e Cananeia, no litoral paulista, e
Guaraqueçaba, Paranaguá e Morretes, no estado do Paraná.
A Cataia, planta pertencente à
família da Myrtaceae, é muito conhecida no Vale do Ribeira, e está
completamente inserida no contexto cultural das comunidades caiçaras, não só
pelo seu grande valor medicinal, mas pelo respeito que os mais antigos têm por
ela, pois nunca foi utilizada como lenha, exatamente por ser útil á população
como remédio, alimento e condimentos.
Por toda esta importância social,
inserida no contexto cultural, seu tombamento se faz mais do que necessário.
Até hoje, a planta é usada popularmente como remédio caseiro. Na forma de chá,
a Cataia é indicada para combater gripe, resfriado e fadiga. Como
descongestionante é possível fazer inalações e na solução alcoólica é utilizada
para massagem muscular.
Segundo relatos de integrantes de
famílias tradicionais de Cananéia, era costume da população mais antiga da
Cidade reunir todos da casa para tomar o lanche da tarde com chá de Cataia,
acompanhado de biscoitos, cuscuz e biju. Como opção, algumas pessoas misturavam
o chá quente com a farinha de mandioca, produzida por eles, resultando em um
mingau saboroso. A Cataia serviu também para fazer canoa, pilão, gamela,
artesanato e outros utensílios usados para os moradores dos sítios. Atualmente,
a Cataia é conhecida como ingrediente para fabricação de licores e outras
bebidas alcoólicas.
O processo de tombamento do Fandango
Caiçara foi elaborado pelos agentes difusores de patrimônio cultural: Edina
aparecida Alves e Nilton Alves Gaia. Já o tombamento da Cataia contou com a
participação dos agentes difusores de patrimônio cultural: Alaíde Pereira
Santos Faraci, Jaqueline Martins de Oliveira, Maria Aparecida Rangel, Selma
Scharmann e Vera Silva Camargo.
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