Um problema só deixa de existir
quando resolvido. Esquecido, posto de lado, ele continua vivo, exigindo
soluções. É comum, na política, pelo menos na política brasileira, “ir
levando”, para que todos esqueçam aquilo que foi levantado como problema, sob o
pretexto de que há outras coisas mais urgentes ou, então, escamoteando-os, na
certeza de que o público está mais atento àquilo que aparece nos jornais no
dia-a-dia, uma inauguração, uma comemoração, a repetição de velhos chavões.
Como não podia deixar de ser, aqui no
Vale do Ribeira se acumulam problemas que foram levantados, discutidos, mas
esquecidos, pelo desleixo, pela dificuldade de se pensar a longo prazo, quando
questões menores chamam a atenção da administração e, de certo modo, distraem a
atenção do público. Elencamos abaixo alguns desses problemas, não com a
esperança de vê-los resolvidos, a curto prazo, mas pensando que eles não podem
se deixados de lado, pois não são supérfluos, mas fundamentais na vida da região:
FECHAMENTO DO VALO GRANDE – Tentado uma vez, de maneira imperfeita, com
fechamento e abertura intempestiva, recomeçado, sob novo planejamento,
emperrado, reclamado pela própria Justiça, está esperando solução.
O Valo Grande aberto é o responsável
pela escassez do pescado, em todo Lagamar, desde Iguape até Cananeia e além. Sem
ele, esta região, já pobre em recursos, fica privada de um considerável
potencial econômico. Fique bem claro que esta opinião não é minha, pois sou
leigo no assunto, mas dos técnicos já largamente consultados.
PRESERVAÇÃO DO MEIO-AMBIENTE – O fechamento do Valo Grande é uma
das providências que dizem respeito à preservação do meio-ambiente. Mas há
outras que, por aquilo que se pode observar diretamente e com facilidade, como
a devastação da mata ciliar, não parecem ter avançado um mínimo sequer. No meio
desse problema, há a proibição da extração do palmito, pelo cidadão comum, mas
permitido aos índios. No mínimo, isso é um paradoxo!
POLUIÇÃO DO RIO RIBEIRA – Há uma velha história de minas de
chumbo, próximas à cabeceira do Rio Ribeira de Iguape, que se tornaram históricas,
não só no fato em si, como no seu esquecimento. Sabe-se, com certeza, que
ficaram resíduos, que muitos habitantes apresentavam sinais de contaminação física
por eles, mas não vi nenhuma sequência dos estudos anteriores, que pusesse um
ponto final nessa história. Não tenho nenhuma autoridade para emitir qualquer
parecer técnico, mas já ouvi histórias sobre um produto da região que deixou de
ser exportado, por estar contaminado. Outro fato que chama a atenção é a
raridade de peixes, como bagre e mandi, tão fáceis de pescar em outras épocas
(não é conversa de pescador, sou testemunha disso!).
POPULAÇÕES CARENTES – QUILOMBOLAS – Até quando essas
populações deverão continuar carentes, a exigir medidas que resolvam seus
problemas? Será que cabe ao poder público resolver as carências do povo ou sua
obrigação é apenas criar condições para que elas assumam a direção de suas
vidas? Uma vez tomadas essas providências, há algum controle ou acompanhamento,
para ver se deram resultado?
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