quarta-feira, 13 de março de 2013

O LAGAMAR


Não é de hoje que se discutem os problemas do Lagamar, principalmente no que diz respeito à destruição da flora e da fauna do Mar Pequeno, com reflexos na economia dos municípios de Cananeia e Iguape. Entretanto, parece que isso não tem chamado a atenção dos políticos locais, quase sempre ansiosos por verba para um calçamento aqui, uma extensão de água para o bairro tal, ali, etc. Nos comícios da eleição próxima passada, o que mais se ouviram foram promessas de emprego, como se isso fosse fácil e não dependesse da infraestrutura local, que, em nossos municípios, está ligada à natureza, seu aproveitamento e sua conservação.
        O fechamento do Valo Grande, um dos grandes “nós” dessa questão, é relembrado por poucos e esquecido por muitos. Até o Judiciário já entrou nessa briga, mas, acredito, pelo pouco apoio das autoridades locais, se aquietou, descoroçoado. Entretanto, o grande problema não está só em levantar a questão, mas em consultar os técnicos no assunto. Palpiteiros, enfim, que não faltam, mas esses nunca resolverão o problema. Ainda nesse caso do técnico, ocorre um obstáculo: ele, como qualquer outra pessoa, vive de seu trabalho. Assim, muitas vezes é contratado por empresas interessadas na empreitada da obra, então, seu “diagnóstico” acaba sendo viciado.
        Quem viu, não esquece: na primeira tentativa de fechamento do Valo Grande, o espetáculo dos golfinhos no Mar Pequeno, por conta do aumento da fauna pesqueira local, criou uma grande expectativa de melhoria econômica nas cidades vizinhas, Iguape e Cananeia. Infelizmente, como se viu, foi uma obra mal concebida e pior executada. Lembro que, no evento da inauguração, o governador da época, Paulo Egídio, quase chorou de emoção, vendo o entusiasmo dos iguapenses, por tão esperada iniciativa. A grande chuva que despencou, na ocasião, veio desfazer a ilusão inicial, mostrando a insuficiência da barragem: ela deveria ter sido precedida pela dragagem do leito do rio, entupido de areia por séculos de escoamento de água barrenta. Agora, os sucessivos governadores do Estado, considerando a pouca importância econômica e, principalmente, eleitoral, de nossa região, não se dispõem a um gasto dessa magnitude. 

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