Não é de hoje que se discutem os problemas do Lagamar,
principalmente no que diz respeito à destruição da flora e da fauna do Mar
Pequeno, com reflexos na economia dos municípios de Cananeia e Iguape. Entretanto,
parece que isso não tem chamado a atenção dos políticos locais, quase sempre
ansiosos por verba para um calçamento aqui, uma extensão de água para o bairro
tal, ali, etc. Nos comícios da eleição próxima passada, o que mais se ouviram
foram promessas de emprego, como se isso fosse fácil e não dependesse da
infraestrutura local, que, em nossos municípios, está ligada à natureza, seu
aproveitamento e sua conservação.
O
fechamento do Valo Grande, um dos grandes “nós” dessa questão, é relembrado por
poucos e esquecido por muitos. Até o Judiciário já entrou nessa briga, mas,
acredito, pelo pouco apoio das autoridades locais, se aquietou, descoroçoado.
Entretanto, o grande problema não está só em levantar a questão, mas em consultar
os técnicos no assunto. Palpiteiros, enfim, que não faltam, mas esses nunca
resolverão o problema. Ainda nesse caso do técnico, ocorre um obstáculo: ele,
como qualquer outra pessoa, vive de seu trabalho. Assim, muitas vezes é
contratado por empresas interessadas na empreitada da obra, então, seu “diagnóstico”
acaba sendo viciado.
Quem viu, não esquece: na primeira
tentativa de fechamento do Valo Grande, o espetáculo dos golfinhos no Mar
Pequeno, por conta do aumento da fauna pesqueira local, criou uma grande
expectativa de melhoria econômica nas cidades vizinhas, Iguape e Cananeia.
Infelizmente, como se viu, foi uma obra mal concebida e pior executada. Lembro
que, no evento da inauguração, o governador da época, Paulo Egídio, quase
chorou de emoção, vendo o entusiasmo dos iguapenses, por tão esperada iniciativa.
A grande chuva que despencou, na ocasião, veio desfazer a ilusão inicial, mostrando
a insuficiência da barragem: ela deveria ter sido precedida pela dragagem do
leito do rio, entupido de areia por séculos de escoamento de água barrenta.
Agora, os sucessivos governadores do Estado, considerando a pouca importância
econômica e, principalmente, eleitoral, de nossa região, não se dispõem a um
gasto dessa magnitude.
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