SÓ PRA NÃO ESQUECER
Você vê os números na mesa de jogo,
escolhe e põe seu dinheiro num deles. O croupier gira a roleta. Você arriscou o
15 e deu o 20. A culpa é do croupier? É esse o seu primeiro pensamento, mas
logo você recupera o bom senso. A sua escolha foi aleatória, nada indicava que
havia ali uma vaga esperança de acerto. Mas nem por isso diminui seu despeito.
Bem que você poderia ter acertado. Bem que você sonhou em multiplicar seu
dinheiro.
A eleição também é feita de números.
Números e nomes. Números, nomes e programas. Ou promessas? Ou mentiras? Na
roleta você está arriscando apenas o seu dinheiro, na eleição você está jogando
muito mais que isso. Talvez um futuro melhor para sua cidade, e
consequentemente para você e sua família; talvez alguma providência que aumente
o conforto de todos, talvez medidas eficazes para aumentar a oferta de emprego,
a melhoria da educação, o atendimento à saúde, a fiscalização contra os abusos.
Mas aqui, embora não pareça, o risco do
engano é menor do que aquele representado pela roleta. Na política a escolha
não é aleatória: ela é direcionada a partir de sua percepção das pessoas e das
coisas que ela faz, ou das coisas que fez. Mas, como diz o ditado, muitas vezes
as aparências enganam. Além do mais, há tantos candidatos e promessas, quanto
aos vereadores, e tantas ofertas de bons serviços, dos candidatos a prefeito, que
você fica indeciso na hora da escolha.
Mas falamos em percepção sem especificar
muito a que nos estamos referindo. É preciso salientar que percepção não é uma
explosão espontânea do entendimento, como uma lâmpada que se acende quando a
ligamos ao fio da energia elétrica. Ela não surge do nada. Ela é alimentada
pela experiência, pela informação, pela ponderação. Se queremos agir com
inteligência, não é demais que ouçamos as pessoas que consideramos ajuizadas,
embora possamos nos enganar a esse respeito. Mas o espírito crítico, o
raciocínio, a troca de informações servem exatamente para esses momentos de
indecisão.
Eleição não ocorre todo dia. Ela terá um
efeito prolongado, será uma escolha sem volta para um período de quatro anos.
Não adianta se arrepender se suas esperanças forem frustradas. Quando isso
acontece, o jeito é esperar pelo próximo pleito. Mas nunca se espera que isso
aconteça. E se acontece, é porque a pessoa não ponderou direito, antes de dar
seu voto. Há um número suficiente de candidatos para fazer uma boa escolha. Não
é possível que um cidadão seja tão mal informado que não consiga, no mínimo,
“distinguir o joio do trigo”. Mas como há “joio” no meio desse “trigal”!
Nenhum comentário:
Postar um comentário