segunda-feira, 21 de abril de 2014

O DRAMA DO VALE DO RIBEIRA – continuação



 

         Vamos prosseguir nesse tema, agora sem numeração dos artigos, pois o assunto vai longe. O jornal  a Folha Uol de hoje, 21/04/2014, dá uma notícia triste sobre a cidade mineira Fortaleza de Minas:

“Com sua atividade econômica completamente dependente da mineração, Fortaleza de Minas (MG) vive um caos financeiro em 2014. A empresa Votorantim Metais anunciou a suspensão temporária na sua unidade de extração de níquel, na cidade mineira”.

          O que vemos aqui é um caso de “doença econômica aguda”, tão ruim, mas diferente na sua manifestação, da “doença econômica crônica” que ataca as cidades do Vale do Ribeira de Iguape. Na cidade de Minas, estava-se acostumado à fartura que, de uma hora para outra acabou; na maioria das cidades do Vale do Ribeira há dificuldades permanentes às quais os habitantes parecem acostumados, mas que se refletem negativamente em dados estatísticos e no comportamento de seus habitantes, uma mistura de resignação e esperança num futuro incerto. 

           Há muitos anos, um sociólogo publicou um estudo sobre o comportamento dos habitantes de uma cidade economicamente carente, do Vale do Paraíba. Para um leigo, há certa dificuldade em fazer a ligação entre uma coisa e outra, isto é, a pobreza coletiva e o comportamento social. O fato é que tudo que acontece em nossa vida se reflete em nosso modo de agir, só variando em intensidade, de pessoa a pessoa, dependendo do impacto que isso tem em cada uma. De qualquer maneira, entre esses possíveis efeitos, há aqueles que podem ser percebido no dia-a-dia dos cidadãos, como a resignação e o conformismo de uns, e a revolta ou o mal-estar de outros.

            Há muitas válvulas de escape, para a manutenção do equilíbrio psicológico, nas pessoas atacadas por essas indisposições. Uma delas é a eleição dos dirigentes, que acontece de tantos em tantos anos. Nesses momentos, com seu título de eleitor nas mãos, o cidadão caminha para as urnas como para um desabafo. Ele pode fazer isso com mais facilidade do que falar mal dos dirigentes, em público, porque diante as urnas o sigilo impede a retaliação. Mas é um pobre e inoperante desabafo: pouca coisa vai mudar na cidade pobre, se ela não for bafejada por algum fato novo, porque nenhum novo prefeito ou vereador vai fazer o famoso “milagre econômico”, que salve a cidade de sua pasmaceira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...