terça-feira, 1 de julho de 2014

(IN)SEGURANÇA PÚBLICA, NO BRASIL - 1



 

        Entre 1980 e 2010, morreram no Brasil, segundo os registros do SIM/MS, um total de 799.226 cidadãos, vítimas de armas de fogo. Se essa cifra já representa um número assustador, é ainda mais preocupante saber que 450.255 mil deles eram jovens entre 15 e 29 anos de idade.  Considerando só o ano de 2010, registrou-se um total de 75.553 mortes de jovens de 15 a 29 anos de idade. 22.694 dessas mortes foram por AF, isto é, nesse ano, exatos 30% dos óbitos juvenis tiveram sua origem no disparo de alguma arma de fogo.

        Colocado de outra forma: uma em cada três mortes juvenis deve-se a disparo de arma de fogo. Dessa forma as armas de fogo se constituem, de longe, na principal causa de mortalidade dos jovens brasileiros, bem longe da segunda causa: os acidentes de transporte, que representam 20% da mortalidade juvenil.

        O vírus da imunodeficiência humana (HIV) responsável pela AIDS, em 2010, matou 12.151 pessoas de todas as idades. São números e situações muito preocupantes, que já deram origem a inúmeras campanhas, programas, estruturas e mecanismos de prevenção e de proteção, etc. Mas as armas de fogo mataram, nesse mesmo ano, três vezes mais: um total de 38.892 pessoas. Entre os jovens a AIDS foi responsável por 1.643 óbitos; já as armas de fogo mataram 22.694 jovens, isto é: 14 vezes mais!! Mas, para esse outro flagelo, ainda são escassas e esporádicas nossas reações e políticas de contenção e enfrentamento.

        Os 38.892 cidadãos vitimados por bala em 2010 correspondem a 108 mortes por AF a cada dia do ano. Muito mais vítimas cotidianas do que é noticiado em nossa imprensa sobre as maiores chacinas do país ou sobre os maiores e mais cruentos atentados nos atuais enfrentamentos existentes na Palestina ou no Iraque. O Brasil, sem conflitos religiosos ou étnicos, de cor ou de raça, sem disputas territoriais ou de fronteiras, sem guerra civil ou enfrentamentos políticos levados ao plano da luta armada, consegue exterminar mais cidadãos pelo uso de armas de fogo do que muitos dos conflitos armados contemporâneos, como a guerra da Chechênia, a do Golfo, as várias Intifadas, as guerrilhas colombianas ou a guerra de liberação de Angola e Moçambique, ou toda uma longa série de conflitos armados acontecidos já no presente século.

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