Uma questão intrigante surge, quando
consideramos a situação do Vale do Ribeira: porque estas vinte e poucas cidades
não progridem como todas aquelas que lhes fazem o entorno, na Região Sudeste do
Brasil? Será possível que alguém rogou alguma praga por aqui? Já comentamos,
mais atrás, sobre o baixo IDH das cidades, o êxodo de sua juventude, o que faz
a população diminuir ou, pelo menos, nunca aumentar, a pasmaceira que, em vez
de defeito, se tornou uma característica de muitas de nossas cidades.
No jornal Tribuna de Iguape deste mês de
julho/2014, saiu um artigo do meu amigo José Rubens sobre “Romaria de Una”, que
parece dar uma pista sobre algumas das causas desse marasmo de nossa Região. Em
resumo, o artigo focaliza uma polêmica entre, de um lado, romeiros e
ecologistas e, de outro, o Governo Federal, que queria instalar usinas
nucleares na região, e uma empresa particular que pretendia aprovar um
loteamento de alto nível para “70 mil pessoas, na restinga do Rio Verde”.
Não vamos pôr em dúvida o patriotismo e
a religiosidade daqueles que se opunham a esses empreendimentos, governamental
e particular. Nem vamos ter a petulância de afirmar que eles estavam errados, na
sua pregação e no seu idealismo. Não se trata, aqui, de criar polêmicas em
torno de objetivos, ideologias ou crenças particulares, mas de se debruçar com
franqueza sobre fatos concretos, objetivando-se calcular seus efeitos.
Com o perdão de todos os crentes, em que
uma romaria pode ajudar uma região a progredir economicamente? Estacamos no
dilema entre “ganhar o céu” ou melhorar as condições de vida de nossa gente? É
impossível preservar a ecologia quando se quer aproveitar uma paisagem para o desenvolvimento
econômico de uma comunidade? Então vamos fechar todas as casas e hotéis e
expulsar todos os turistas do litoral brasileiro, em função da preservação dos
peixes e mariscos?
Eu sei que essa é uma colocação
impertinente. Eu não teria coragem de defender essas ideias numa Igreja ou numa
reunião de ecologistas furibundos, pois não tenho vocação para suicida. Mas
acho que essa é uma pauta política plausível, quando olhamos para nossa gente
humilde, sorrindo amarelo com sua boca desdentada, nossos jovens abandonando
seus lares para procurar um meio de vida em cidades mais prósperas, nossas ruas
esburacadas que quebram as molas dos carros de nossos visitantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário