sexta-feira, 21 de junho de 2013

DEPREDAÇÕES


              
          O que é uma vidraça quebrada, em termos de prejuízo para os cofres públicos, comparada com a despesa que um deputado federal (ou senador) dá num dia de trabalho, considerando-se seu salário, ajuda de custo, residência, oficiais de gabinete, viagens? Muito pouco, quase nada. Agora acrescente-se a isso, não para todos os políticos do Congresso Nacional, mas para grande parte dele, as maracutaias, as verbas destinadas a obras superfaturadas, os empreguinhos públicos para parentes e amigos. Isso ocorre não com um grupo de malucos ou maus elementos infiltrados numa passeata, mas com autoridades que estão nos representando, na Capital da República. 
           O quebra-quebra não chega a desmoralizar uma passeata de cidadãos bem intencionados, mas enfeia o espetáculo e, para alguns, chega à estragar o espetáculo de cidadania. Mas é preciso considerar que não se pode fazer uma triagem em quem vai aderir a um ato público. Comparando-se a proporção de políticos sacanas, na totalidade das autoridades, com os arruaceiros que se infiltram nas passeatas, o número relativo daqueles supera de longe o número relativo destes últimos. Então, aqueles que ficam horrorizados diante de um quebra-quebra são cegos de cidadania, porque já deviam estar horrorizados diante da desfaçatez de políticos desonestos, como se vê, pelo noticiário comum.  
           Qual o prejuízo que dá uma Presidenta que inventa dezenas de ministérios para poder controlar o Congresso, dando a cada partido uma fatia do poder, exclusivamente para conquistar aliados? Nenhum país decente precisa mais que uma dúzia ou mais de ministros. E alguém já se debruçou sobre os números do famigerado PAC, para fazer um cálculo das obras superfaturadas, muitas das quais nunca chegam ao fim, como a transposição do Rio São Francisco? Já viram algum estádio completar sua construção sem ajustes de preços? Se aquele que ganhou a concorrência para a construção dessas obras, o conseguiu porque deu o menor preço, como tem a coragem de aumentá-lo, antes de chegar ao término da obra?  

           As depredações nas passeatas são uma lástima. Mas, nos dias comuns, nesses horários noturnos, quando tudo está em paz, ladrões vicejam, arrombando portas, fazendo assaltos coletivos em restaurantes, roubando carros nas ruas. Durante as passeatas, por amplos espaços públicos foi possível manter o sossego do cidadão, se não considerarmos o ruído. Uma estatística comparativa é impossível, mas é provável que o prejuízo público com as depredações talvez seja menor do que aquele proporcionado pelos “amigos do alheio”, quando as ruas e praças estão quase desertas. 

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