Qual a relação do Vale do
Ribeira com todo esse movimento de revolta que toma conta dos grandes centros urbanos
brasileiros? Uma relação delicada, difícil de expressar, não por si mesma, mas
pela reação negativa que poderia despertar em nossa gente, principalmente em
nossos políticos. Por que alguém deve ser culpado por isso, e ninguém quer
aceitar a carapuça. Ainda mais que a culpa é de uma coletividade, e não de
pessoas ou grupos específicos.
Resumindo: quem vota em
demagogos? Vamos esclarecer: demagogo é aquele político que promete ajuda aos
mais necessitados à custa do Tesouro Nacional. Quer dizer: cumprimenta com o chapéu
alheio. E onde o demagogo vai procurar um eleitorado disposto a elegê-lo, por
conta de promessas de ajuda? Nas regiões mais pobres do país: vasta extensão do
Nordeste, alguns rincões de Minas, Goiás, Mato Grosso, Pará, Amazonas, Acre,
etc. e...Vale do Ribeira.
Por que
Vale do Ribeira? Porque a maioria das cidades do Vale do Ribeira não tem
autonomia econômica. Nunca ouvimos uma notícia de que, por conta da prefeitura
tal, foi feita uma grande obra de urbanização. A notícia é sempre assim: “O
prefeito tal conseguiu do Estado uma verba para fazer isto ou aquilo!” Não se
deve afirmar sem provas concretas, mas pelo noticiário local, parece que as
verbas arrecadadas com os impostos municipais, na maioria das cidades do Vale,
mal dão para as despesas correntes: pagamento dos funcionários, manutenção de
prédios e que tais.
Então, a solução é apelar
para o Estado ou para a União. Aí entram os intermediários, com sua ajudazinha
que lhes garantirá o voto futuro. E mais, as ajudas extrapolam os interesses
coletivos e descem aos interesses particulares. A turma da bolsa-família é
responsável pela eleição de centenas de políticos, em níveis municipal,
estadual e federal. A bolsa-família é obrigação do Estado, mas os intermediários,
reais ou fingidos, pululam de todos os lados.
A revolta, nos grandes
centros, é da classe média conscientizada, que está vendo o dinheiro público (o
dinheiro dos impostos) voar pela janela, para o bolso das construtoras de estádio
(pelo dobro do preço real), para o excesso de gastos do Congresso Nacional, das
Assembleias Legislativas, com o exército de funcionários, as prebendas dos políticos,
as maracutaias dos altos funcionários. Basta conhecer o passado de alguns políticos
que se encontram na cúpula do poder para perceber quem está mandando no poder,
no momento.
Não se pode identificar,
de modo extensivo, pobreza com ignorância. Mas é inevitável que a parcela menos
esclarecida da população se localize nos segmentos mais necessitados. Afinal, o
esclarecimento e a cultura têm um preço. E aí é que mora o perigo: os
ignorantes, os menos esclarecidos caem sempre na “conversa” dos demagogos. E os
demagogos acabam dominando a pauta do poder. Então, é inevitável que a corrupção
e os gastos inúteis esgotem os recursos públicos.
A parte mais esclarecida
da população é a mais fraca, numericamente. Eles percebem a situação, mas não têm
como alterá-la, porque são minoria, na hora da votação. Então o país se torna o
reino da demagogia. Basta um conhecimento supérfluo de quem manda no
Legislativo Federal, para perceber o tamanho do problema. É contra isso, contra
o poder da demagogia, que usa a pobreza do povo como ardil para se eleger, que
o povo das cidades, mais esclarecido por força de sua vivência, se revolta. Vamos
ver no que tudo isso vai resultar!
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