domingo, 21 de julho de 2013

DEMOCRACIA, COMUNISMO E ANARQUIA


Os homens se juntam em bandos para aumentar a própria segurança, facilitar a busca de alimentos e, “last but not least”, reproduzir-se. Então, no decorrer da história do bando, um de seus membros se destaca pela força, pela inteligência, ou pela capacidade de prever, dirigir, suportar tarefas ou jornadas. Sob sua direção, o bando se organiza, se fortalece, encontra um caminho, uma orientação, uma ordem. O líder resolve um dos maiores problemas dos grupos humanos, que é organizar-se como grupo, orientar-se no mundo, conseguir sobreviver com mais facilidade, por conta da ordem.

Essa simplificação esconde questões importantes, na vida comunitária. Em primeiro lugar, à medida que o grupo aumenta o número de componentes, aumenta também o número daqueles vocacionados para a liderança. Então, é preciso dividir as funções, para acomodar os interessados na direção. E isso não se faz pacificamente. Líderes têm a vocação de lutar, antes que pelo sucesso do grupo, pelo sucesso pessoal. A disputa primitiva pelo poder era feita na base da força física ou da astúcia. À medida que o número de componentes do grupo aumenta e sua história se desenrola, surgem novas questões a serem resolvidas, não só sobre quem vai ser o líder máximo, como que direcionamento se deve dar à vida comunitária.

Saltando já dos grupos primitivos para os povos, isto é, saltando da Pré-história para a História, e alcançando a modernidade, aquelas tendências primitivas surgem sob a forma de teorias políticas, com as quais todos os povos têm que lidar. A democracia é o sistema político em que os próprios componentes do grupo decidem quem vão ser seus dirigentes. O sistema comunista tenta eliminar as lideranças baseadas na fortuna ou na precedência no poder, substituidas pelos teóricos de um sistema cuja base física, pelo menos na intenção, começa pelo trabalhador. Os anarquistas pregam um sistema político em que ninguém manda, e as soluções são resolvidas por consenso, a cada nova necessidade de mudança.

Essas são as diretrizes genéricas e as promessas dos teóricos de cada regime político. Mas de que modo isso se realiza, no dia-a-dia? Já temos uma história para contar a respeito, portanto já temos um resultado prático de cada um dessas teorias políticas. O comunismo começou como uma promessa de redenção do trabalhador e terminou como uma ditadura de uns poucos que conseguiram alçar-se à cúpula do partido. O anarquismo não deu nenhum resultado, historicamente. A democracia é o melhor sistema político, desde que se esqueçam seus problemas e se destaquem suas vantagens. Na verdade, com o tempo, com a profissionalização dos políticos, vemos que os dirigentes se transformaram em bandos de piratas, que se protegem mutuamente, criam leis em benefício próprio, cercam-se de auxiliares que se penduram nos cargos públicos, como se fossem propriedades pessoais.


Essa degenerescência do sistema democrático torna-se realidade quando os dirigentes começam a manipular os grupos mais necessitados e, por isso mesmo, mais numerosos da sociedade, dando-lhes benefícios pífios, mas atrativos, porque sem a obrigação da reciprocidade, como se fosse uma esmola, que agrada, porque não exige nada mais que aplauso e apoio, isto é, nenhum esforço pessoal. É aquilo que na antiguidade romana se denominava “panis et circenses”, pão e circo, alimento e diversão, e que, em nossos dias,  se transformaram em bolsa-família e estádios de futebol. A primeira, um improviso governamental para resolver problemas momentâneos, que se eternizou como um favor permanente; o segundo, a exploração do esporte popular, como se fosse um favor ou um benefício generoso daqueles que manipulam as finanças do país.    

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