quarta-feira, 31 de julho de 2013

O QUEIJO E OS RATOS



               O queijo é um excelente e delicioso alimento. Os homens, mas também os ratos, o apreciam. O poder político é o centro dinâmico da sociedade humana, um atrativo normal para aqueles que desejam atuar no universo político, mas, figuradamente, é como o queijo: desejável tanto para os homens dignos, quanto para os homens-rato. Quando, nesse universo, o número de homens dignos sobrepuja aquele dos homens-ratos (eles estão em toda parte), é possível manter uma governabilidade razoável; quando essa proporção se inverte, o país sofre as consequências.
               Vivemos esta última situação, no Brasil atual: o número de homens-ratos, no poder, é maior do que o número de homens dignos. Não vamos citar nomes porque, na situação atual, é mais fácil ser acusado e preso por gritar “pega ladrão!”, do que ser acudido num assalto. Mas para quem sabe das coisas, dispensam-se nomes. Nós tínhamos, antes, alguns homens-ratos que se misturavam aos homens bons, atrapalhando um pouco, mas o carro continuava andando. De repente, um rato maior toma o poder federal. Sua primeira providência foi reverenciar os ratos já incorporados ao sistema, alguns já de provecta idade. O segundo passo foi atrair outros ratos, para ajudar na roedeira geral. De uma hora para outra, dezenas de ratos se alvoroçam e se fixam nos principais pontos de influência, nos palácios, estabelecendo o novo modus-vivendi local, que é “roube e deixe roubar”, substituindo o já antigo e mofado lema, “rouba, mas faz”.

               Não existe nenhum mistério na criação de um ambiente frouxo, que ajude o trabalho dos ratos. Em primeiro lugar, colocam-se nos postos-chaves os mais habilidosos na prestidigitação das manobras palacianas, dando aparência de trabalho ao puro e simples ato daquilo que, simplificadamente, se chama de maracutaia. Em segundo lugar, mas não menos importante, é criar dezenas de postos inúteis, na esfera de governo, cada qual com um nome mais pomposo que outro, para dar essa impressão de dinamismo governamental, que ilude os eleitores mais trouxas (que não faltam em nosso país). Então o quadro da rataria se mostra em seu esplendor: centenas de parlamentares, acompanhados por milhares de assistentes técnicos e dezenas de motoristas; dezenas de ministérios com seus milhares de funcionários, e está instalado o reino da rataria. Para eles, é deitar e rolar, para nós, os contribuintes, é pagar o preço do voto ignorante. 

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