O queijo é um excelente e
delicioso alimento. Os homens, mas também os ratos, o apreciam. O poder
político é o centro dinâmico da sociedade humana, um atrativo normal para
aqueles que desejam atuar no universo político, mas, figuradamente, é como o
queijo: desejável tanto para os homens dignos, quanto para os homens-rato.
Quando, nesse universo, o número de homens dignos sobrepuja aquele dos
homens-ratos (eles estão em toda parte), é possível manter uma governabilidade
razoável; quando essa proporção se inverte, o país sofre as consequências.
Vivemos esta última situação, no
Brasil atual: o número de homens-ratos, no poder, é maior do que o número de
homens dignos. Não vamos citar nomes porque, na situação atual, é mais fácil ser
acusado e preso por gritar “pega ladrão!”, do que ser acudido num assalto. Mas
para quem sabe das coisas, dispensam-se nomes. Nós tínhamos, antes, alguns
homens-ratos que se misturavam aos homens bons, atrapalhando um pouco, mas o
carro continuava andando. De repente, um rato maior toma o poder federal. Sua
primeira providência foi reverenciar os ratos já incorporados ao sistema,
alguns já de provecta idade. O segundo passo foi atrair outros ratos, para
ajudar na roedeira geral. De uma hora para outra, dezenas de ratos se alvoroçam
e se fixam nos principais pontos de influência, nos palácios, estabelecendo o
novo modus-vivendi local, que é “roube e deixe roubar”, substituindo o já
antigo e mofado lema, “rouba, mas faz”.
Não existe nenhum mistério na
criação de um ambiente frouxo, que ajude o trabalho dos ratos. Em primeiro
lugar, colocam-se nos postos-chaves os mais habilidosos na prestidigitação das
manobras palacianas, dando aparência de trabalho ao puro e simples ato daquilo
que, simplificadamente, se chama de maracutaia. Em segundo lugar, mas não menos
importante, é criar dezenas de postos inúteis, na esfera de governo, cada qual
com um nome mais pomposo que outro, para dar essa impressão de dinamismo
governamental, que ilude os eleitores mais trouxas (que não faltam em nosso
país). Então o quadro da rataria se mostra em seu esplendor: centenas de
parlamentares, acompanhados por milhares de assistentes técnicos e dezenas de
motoristas; dezenas de ministérios com seus milhares de funcionários, e está
instalado o reino da rataria. Para eles, é deitar e rolar, para nós, os
contribuintes, é pagar o preço do voto ignorante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário