sexta-feira, 8 de novembro de 2013

ÍNDIOS E QUILOMBOLAS

O que se deve fazer com pessoas que não se enquadram no esquema civilizado, de estudar, treinar, arranjar um emprego e viver nas cidades ou, pelo menos, em núcleos civilizados, com atividades que se ajustem à economia moderna? De modo geral, procura-se uma solução para isso, mas depende do caso. Se o sujeito é branco ou negro e seus familiares viveram dentro da normalidade da civilização, tudo bem, dá-se um jeito de ele se enquadrar nos moldes civilizatórios. Mas e os índios e quilombolas?

Eu disse negro? Sim, todos os negros que estavam sob o jugo da escravidão e continuaram a viver nas cidades, passaram a ser empregados e, até, patrões, em vez de servos, começaram a resolver seus próprios problemas, em vez de obedecerem aos planos de um “senhor”. Mas havia uma categoria de ex-escravos que vivia escondido na mata, fugindo à execração da condição escravista. Quando foi proclamada a Abolição, os negros da cidade procuraram seus nichos de sobrevivência, sabe-se que com dificuldade, mas seus descendentes foram aos poucos, conquistando os mesmos direitos de seus antigos patrões. 

Os que haviam fugido para a mata, porém, formaram quistos de cultura meio africana, meio americana, e assim sobreviveram, se multiplicaram e se estabeleceram de maneira permanente, no interior do País. Depois da Abolição, perderam sua condição de fugitivos e ganharam a “promoção” de quilombolas. “Ganharam”, eu disse, mas será que ganharam mesmo? Se uns parentes nossos, por razões quaisquer tivessem fugido para o mato, depois de passado o perigo não faríamos tudo para que eles e seus descendentes voltassem para a civilização?

E os índios? Será que a vida selvagem e primitiva é tão boa, assim, que os brancos fazem de tudo para que eles continuem por lá, em vez de se integrarem à civilização? É verdade que nossos índios, na atualidade, vivem de laptop nas mãos, discutindo posse de terras, direito à saúde (médicos e hospitais) e até ameaçando políticos que não cuidam de lhes arranjar alguns confortos. Mas fica uma duplicidade de situação: eles podem continuar sua “cultura”, mas o país tem o dever de lhes facilitar o acesso às coisas da civilização.


Está claro que tudo isso que escrevo não tem nenhum sentido, quanto mais valor, numa mesa de discussão, entre antropólogos, políticos, religiosos, etc. Porque todos esses profissionais se acham (e têm, de alguma maneira) no direito de decidir o que é melhor para nossos negros quilombolas e índios. Ainda mais que os próprios não têm formação suficiente, nem em política, nem em antropologia, para decidir seu próprio destino. E por falar nisso, será que a maioria de nossa população tem formação suficiente para decidir seu próprio destino? Bem, no final, quanto aos índios e quilombolas, tudo o que se promete a eles é que ninguém vai mexer nos seus privilégios. Privilégios esses que incluem algumas atividades proibidas aos “brancos civilizados”: desmatamento, colheita de palmito, matança de animais silvestres, etc. Enfim, são as contradições da vida!

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