terça-feira, 27 de maio de 2014

CONTOS REGIONAIS


 

 

 

                           O DIANHO É TENTADÔ

 

        Acridite no que digo: não sêsse o Bom Jisus este mundão tava perdido. Porque o dianho anda solerte, cavando um jeito de destemperá nossa vida. Magine que eu tinha me acoitado em baxo dum pé de jacatirão, por conta da guascada de chuva que me pegô de jeito, no meio do mato, quando vi um remoinho se achegando de com força, arripiando as pranta, desvirando os graveto e dando um contorno adonde eu tava, pra decerto me acertá pelos fundo.

        Nessas artura, sabendo das artimanha do demo, que eu não sô apocado da cabeça, sartei de donde tava, gritando pelo Bom Jisus, que sempre foi meu protetô. No que eu sartei e gritei, um fuzir iluminô tudo, por chamado do malino, e se pregô em riba da arve, bem no lugá que eu tava, rebentando um gaio, que ia direto no meu cangote, se eu não me ispertasse e não chamasse o Sarvadô.

        Corri dali, que não se espera nada de certo do coisa ruim, mas memo com o sunsurro da chuva deu pra uvi o rincho daquela risada desmesurada, que o fite dá pra assustá a gente. Cheguei no rancho e pidi pra todo mundo garrá a rezá reza pesada, pra afastá de nóis o molesto do coisa ruim. Assim me sarvei e por isso truxe um pedaço do jacatirão, prá dexá na sala de milagre do Santo, em honra da graça arricibida. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...