Não quero pôr em dúvida o argumento
daqueles que pregam o controle sobre as vendas de armas de fogo, como uma
prevenção contra a violência. Aliás, como uma prevenção de “mortes por arma de
fogo”, não “contra a violência”. É preciso separar uma coisa de outra. A violência
continua, e as mortes por outros meios, também, iniba-se ou não a venda de
armas de fogo. É o desvario de matar que leva a usar uma arma, de fogo ou não,
e não a sua posse.
Isso faz lembrar um caso ocorrido com o
pitoresco Jânio Quadros, há muitos anos. Um guarda municipal, que não deveria
estar armado, matou um ladrão com um tiro. O repórter foi interrogar o então
prefeito: “Como é que fica, prefeito? Ele matou o ladrão a tiros!” – “E o que
querias?” Replicou o prefeito, “que o matasse a cacetadas?”
Na primeira metade do século passado, a
Região Nordeste do Brasil era notável pela sua violência, com o surto do
chamado “cangaço”. Não era uma violência qualquer, era uma violência demoníaca,
com episódios de massacres, torturas, latrocínios, sequestros, episódios que
nem os filmes a respeito, tentando relembrar os fatos, conseguiram reproduzir. Pois
bem, nessa época não houve, que eu saiba, qualquer pregação para o controle de
armas, ainda mais que as pessoas comuns, os fazendeiros isolados em suas
terras, as pessoas das pequenas vilas não podiam contar com a proteção da polícia.
E por falar em polícia, não era incomum que as pessoas não confiassem muito nessa
proteção.
Nenhum cidadão normal pensaria em comprar
uma arma para resolver uma possível rivalidade (de qualquer tipo que seja) no
meio em que vive. Mas não seria insensato, de sua parte, ter uma arma em casa
como prevenção para possíveis assaltos. Há um argumento falaz contra essa
posse: o cidadão comum não sabe manejar direito uma arma, por isso vai acabar
em desvantagem contra o delinquente experimentado. Contra esse argumento, há
uma resposta fácil: arranje-se um meio de o cidadão treinar o uso de sua arma. A
própria polícia poderia ser útil num caso desses.
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