O governo do Estado
de São Paulo planejava anunciar nesta quinta-feira, 5, Dia Mundial do Meio
Ambiente, uma nova unidade de conservação da Mata Atlântica, o Parque Estadual
do Taquari, de 245 km². Localizado no Vale do Ribeira, ele formaria um mosaico
de proteção com os atuais parques estaduais do Petar, Intervales, Nascentes do
Paranapanema e Carlos Botelho. Mas o anúncio teve de ser adiado por causa da
oposição de ambientalistas e de uma ação civil pública, pedindo a suspensão do
processo administrativo de criação do parque.
Uma consulta
pública marcada para 28 de maio na cidade de Eldorado foi suspensa no último
minuto por força de uma liminar, concedida pela Justiça local, com base na ação
da Defensoria Pública do Estado em Registro.
A suspensão foi
comemorada por muitos na comunidade ambientalista que se opõem à criação do
parque, pelo fato de a área em questão já ser protegida há mais de 40 anos por
uma empresa privada, a Agro Industrial Eldorado, que mantém vigilância
permanente no local. Na opinião dos críticos, a empresa faz um trabalho de
conservação melhor do que o Estado seria capaz de fazer, visto as dificuldades
que enfrenta para cuidar dos parques já existentes.
A área, conhecida
como Fazenda Nova Trieste, abriga enormes trechos de floresta em ótimo estado
de preservação e isentos de ocupação humana.
Em conjunto com os
parques vizinhos, forma “a maior mancha contínua de Mata Atlântica do Brasil”,
segundo Clayton Lino, presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da
Mata Atlântica (RBMA), que coordenou os estudos para criação da unidade, em
parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA). “Você pode traçar um
raio de 12 quilômetros ao redor sem nenhum morador, só mata”, diz.
Graças à proteção
da empresa, a fazenda abriga a maior população conhecida de onças-pintadas do
bioma, assim como uma grande quantidade de palmeiras juçara, espécie ameaçada
de extinção por causa da atividade ilegal de palmiteiros.
Histórico
Os procedimentos
para criação do parque foram publicados pela SMA em 14 de maio, dando 15 dias
para que “qualquer interessado” se manifestasse sobre o assunto. No dia 26,
organizações ambientalistas – incluindo o instituto Pró-Carnívoros e o
Instituto Socioambiental (ISA) – e representantes das comunidades tradicionais
da região divulgaram um manifesto de repúdio à criação do parque, argumentando
que o prazo de 15 dias era “inaceitável” e que o que Estado não teria condições
de garantir a proteção da área.
“Há mais de 40 anos
o proprietário da Nova Trieste mantém, de forma permanente e contínua, a
fiscalização da propriedade. Além disso, promovem pesquisas científicas e
realizam projetos inovadores de manejo sustentável”, diz o manifesto. “Esse
tripé que envolve proteção, pesquisa e práticas sustentáveis foi essencial para
garantir a efetividade proteção da área, realidade bem distante dos parques
estaduais vizinhos.”
A Defensoria
Pública do Estado em Registro cita como exemplo em sua ação o caso do Parque
Estadual Nascentes do Paranapanema, que foi criado em 2012 e tem como “equipe”,
até hoje, um único gestor.
Compromisso
Lino, da RBMA,
lamentou a suspensão da consulta pública e disse que há um compromisso real da
SMA de garantir a conservação da área, se possível em parceria com o
proprietário. “A situação lá não está tão bonita assim. A fazenda também está
sob pressão de palmiteiros e caçadores”, ressaltou. A expectativa é retomar as
conversas sobre o projeto com uma nova agenda. O proprietário da fazenda,
Gilberto Sulzbacher, não foi encontrado pela reportagem. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
por Herton Escobar | Agência Estado
via Portal A Tarde
Nenhum comentário:
Postar um comentário