A AJJ (associação dos Jovens da
Juréia) é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, criada no ano
de 1993 e inscrita como pessoa jurídica em dia 26 de Abril de 1998, tendo como
objetivos principais a geração de renda, resgate e manutenção da cultura
caiçara e a permanência das comunidades da Juréia em suas terras.
UMA HISTÓRIA
DE RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA
Em 1986 o governo do estado de São
Paulo criou a E.E.J.I (Estação Ecológica
da Juréia Itatins), localizada no litoral-sul do estado, entre o município de
Iguape e o de Peruíbe. A E.E.J.I foi criada sem nenhum tipo de estudo de
impacto social, cultural ou ambiental, isto é, de modo autoritário, como era
comum no governo da ditadura militar. Não se cogitou que, dentro dos limites da
Juréia moravam mais de 400 famílias, divididas em algumas dezenas de pequenas
comunidades, que já habitavam o local há mais de 350 anos. Grande parte da região,
onde hoje é a Juréia, foi cedida pelo Império, para o uso da terra por essas
comunidades, que viviam da agricultura, criação de pequenos animais e da pesca de
subsistência.
Com o tempo, essas comunidades desenvolveram
uma cultura extremamente rica, que ainda hoje pode ser vista nas manifestações
religiosas, na dança (fandango), no uso de plantas medicinais e no modo
sustentável de utilização dos recursos naturais. Tudo isso foi completamente
ignorado pelo governo do estado de São Paulo, que proibiu todas as atividades
de subsistência dessas comunidades, obrigando-as saírem de suas casas para
viver nas periferias das cidades do entorno da E.E.J.I. Guardas armados do
Parque da SEMA (Secretaria do Meio Ambiente) entravam nas casas dos caiçaras,
para ver se não tinham armas, e abriam suas panelas para ver se não estavam
cozinhando alguma caça.
A partir daí, muitas famílias abandonaram o
local, as escolas foram fechadas e as comunidades restantes começaram a se
organizar, entrando em conflito com a SEMA. Esta, por sua vez, contratou, para
guardas do parque, pessoas que se destacavam como lideranças comunitárias,
desarticulando assim todo o movimento de resistência. Algumas das famílias que
saíram da Juréia foram para Barra do Ribeira, um bairro do município de Iguape.
Foi lá que, em 1993, um grupo de jovens caiçaras, expulsos da Juréia, criou a
AJJ (Associação dos Jovens da Juréia) com o intuito de lutar pelo direito de
permanência das comunidades na Juréia, gerar renda por meio do artesanato,
resgatar e manter viva a cultura caiçara.
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