terça-feira, 23 de abril de 2013

A AJJ – ASSOCIAÇÃO DOS JOVENS DA JURÉIA



           A AJJ (associação dos Jovens da Juréia) é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, criada no ano de 1993 e inscrita como pessoa jurídica em dia 26 de Abril de 1998, tendo como objetivos principais a geração de renda, resgate e manutenção da cultura caiçara e a permanência das comunidades da Juréia em suas terras.

              UMA HISTÓRIA DE RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA

           Em 1986 o governo do estado de São Paulo criou a E.E.J.I (Estação  Ecológica da Juréia Itatins), localizada no litoral-sul do estado, entre o município de Iguape e o de Peruíbe. A E.E.J.I foi criada sem nenhum tipo de estudo de impacto social, cultural ou ambiental, isto é, de modo autoritário, como era comum no governo da ditadura militar. Não se cogitou que, dentro dos limites da Juréia moravam mais de 400 famílias, divididas em algumas dezenas de pequenas comunidades, que já habitavam o local há mais de 350 anos. Grande parte da região, onde hoje é a Juréia, foi cedida pelo Império, para o uso da terra por essas comunidades, que viviam da agricultura, criação de pequenos animais e da pesca de subsistência.                                                                                                                                                    
           Com o tempo, essas comunidades desenvolveram uma cultura extremamente rica, que ainda hoje pode ser vista nas manifestações religiosas, na dança (fandango), no uso de plantas medicinais e no modo sustentável de utilização dos recursos naturais. Tudo isso foi completamente ignorado pelo governo do estado de São Paulo, que proibiu todas as atividades de subsistência dessas comunidades, obrigando-as saírem de suas casas para viver nas periferias das cidades do entorno da E.E.J.I. Guardas armados do Parque da SEMA (Secretaria do Meio Ambiente) entravam nas casas dos caiçaras, para ver se não tinham armas, e abriam suas panelas para ver se não estavam cozinhando alguma caça.
              A partir daí, muitas famílias abandonaram o local, as escolas foram fechadas e as comunidades restantes começaram a se organizar, entrando em conflito com a SEMA. Esta, por sua vez, contratou, para guardas do parque, pessoas que se destacavam como lideranças comunitárias, desarticulando assim todo o movimento de resistência. Algumas das famílias que saíram da Juréia foram para Barra do Ribeira, um bairro do município de Iguape. Foi lá que, em 1993, um grupo de jovens caiçaras, expulsos da Juréia, criou a AJJ (Associação dos Jovens da Juréia) com o intuito de lutar pelo direito de permanência das comunidades na Juréia, gerar renda por meio do artesanato, resgatar e manter viva a cultura caiçara.

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