domingo, 21 de abril de 2013

O “MODO” BRASILEIRO, E OUTROS MODOS




            Há muitas histórias a respeito de estrangeiros que passam algum tempo no Brasil e fazem observações interessantes sobre comportamentos de nossos patrícios, que eles acham interessantes, estranhos, exóticos ou divertidos. Recebi há pouco, por e-mail de um amigo, o relato sobre um francês que apresentou um rol de estranhezas sobre o nosso modo de ser:
Apenas dois exemplos:

             -Aqui no Brasil, tudo se organiza em fila: fila para pagar, fila para pedir, fila para entrar, fila para sair e fila para esperar a próxima fila. E duas pessoas já bastam para constituir uma fila.

             -Aqui no Brasil, o ano começa “depois do Carnaval”.
             Etc. etc.
          
             Isso tudo é nossa realidade, que não é a realidade de um estrangeiro. Mas é bom acrescentar que o Brasil é um país muito extenso, do que resulta que a “realidade” de uma região, também é diferente da ”realidade de outra”, o modo como se procede numa cidade, pode ser bem diferentes dos modos de agir de outra. Entretanto, isso é comum, em todo mundo. Já vi japoneses comentarem sobre exotismos de uma determinada ilha do “império”, diferente do usual, cujo padrão é Tóquio. E Mark Twain, em Tom Sawyer, fala em “deep South of America”, diferenciando os hábitos dessa região do resto dos Estados Unidos. E, mais, mesmo num país de pequenas dimensões, como a França (se tomarmos como padrão o Brasil), o Norte é diferente do Sul, Paris não é igual a Marselha. Lembro que, quando, d’Artagnan juntou-se aos três mosqueteiros (em Alexandre Dumas e no filme que se baseia nele), a primeira coisa que se destaca, no personagem é seu jeito “caipira” (é a visão do autor, que ele passa aos seus personagens) já que ele era da Gasconha.  
              Mas este pequeno texto é o “prefácio” sobre um relato maior, que pretendo desenvolver, em outras notas, neste BLOG, sobre minha experiência, como “estrangeiro” em minha própria terra, Iguape, depois de ter vivido mais de cinquenta anos fora. Sobre isso, escrevi um pequeno livro “IGUAPE, cidade do humor fraternal”, publicado por minha conta, em 2005. Os relatos, aqui, serão extraídos do livro. Talvez minha visão, hoje, seja diferente daquela, do ano em que escrevi. Como dizia Heráclito, o filósofo grego, “ninguém se banha duas vezes, no mesmo rio; na segunda vez, tanto o homem quanto o rio já deixaram de ser o que eram”. De qualquer maneira, haja o que houver, a tese geral das ”diferenças” se mantém em pé.

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