Há muitas histórias a respeito de
estrangeiros que passam algum tempo no Brasil e fazem observações interessantes
sobre comportamentos de nossos patrícios, que eles acham interessantes,
estranhos, exóticos ou divertidos. Recebi há pouco, por e-mail de um amigo, o
relato sobre um francês que apresentou um rol de estranhezas sobre o nosso modo
de ser:
Apenas dois
exemplos:
-Aqui no Brasil, tudo se organiza
em fila: fila para pagar, fila para pedir, fila para entrar, fila para sair e
fila para esperar a próxima fila. E duas pessoas já bastam para constituir uma
fila.
-Aqui no Brasil, o ano começa “depois do
Carnaval”.
Etc. etc.
Isso tudo é nossa realidade, que não é a
realidade de um estrangeiro. Mas é bom acrescentar que o Brasil é um país muito
extenso, do que resulta que a “realidade” de uma região, também é diferente da ”realidade
de outra”, o modo como se procede numa cidade, pode ser bem diferentes dos
modos de agir de outra. Entretanto, isso é comum, em todo mundo. Já vi
japoneses comentarem sobre exotismos de uma determinada ilha do “império”,
diferente do usual, cujo padrão é Tóquio. E Mark Twain, em Tom Sawyer, fala em “deep
South of America”, diferenciando os hábitos dessa região do resto dos Estados
Unidos. E, mais, mesmo num país de pequenas dimensões, como a França (se
tomarmos como padrão o Brasil), o Norte é diferente do Sul, Paris não é igual a
Marselha. Lembro que, quando, d’Artagnan juntou-se aos três mosqueteiros (em
Alexandre Dumas e no filme que se baseia nele), a primeira coisa que se destaca,
no personagem é seu jeito “caipira” (é a visão do autor, que ele passa aos seus
personagens) já que ele era da Gasconha.
Mas este pequeno texto é o “prefácio”
sobre um relato maior, que pretendo desenvolver, em outras notas, neste BLOG,
sobre minha experiência, como “estrangeiro” em minha própria terra, Iguape,
depois de ter vivido mais de cinquenta anos fora. Sobre isso, escrevi um
pequeno livro “IGUAPE, cidade do humor fraternal”, publicado por minha conta,
em 2005. Os relatos, aqui, serão extraídos do livro. Talvez minha visão, hoje, seja
diferente daquela, do ano em que escrevi. Como dizia Heráclito, o filósofo
grego, “ninguém se banha duas vezes, no mesmo rio; na segunda vez, tanto o
homem quanto o rio já deixaram de ser o que eram”. De qualquer maneira, haja o
que houver, a tese geral das ”diferenças” se mantém em pé.
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