segunda-feira, 8 de abril de 2013

ENSINO DE MATEMÁTICA NO MUNICÍPIO DE IGUAPE


É preciso repensar o Ensino de Matemática em nosso Município
                                                     Leyla Fortes  
                                                              
                Enquanto educadora, sinto-me profundamente incomodada com os dados alarmantes diagnosticados em nossos alunos ao chegarem ao ensino médio, principalmente no que diz respeito ao Ensino de Matemática. Um levantamento realizado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em fevereiro deste ano, mostrou que 95%, dos 163 alunos do 1º ano do ensino médio, não apresentaram os conteúdos mínimos necessários para seguir adiante no Ensino de Matemática. Em minha escola, na qual sou coordenadora, dos 190 alunos que ingressaram no EM cerca de 90% apresentaram déficit significativo de aprendizagem na disciplina. Esse é um fator de extrema importância para que esses alunos possam ingressar no mercado de trabalho, via concurso público e/ou ensino superior. O que será do futuro de nossas crianças e adolescentes?
               Outro fato alarmante diz respeito ao índice de retenção no Ensino Médio. O jornal “O Estado de S. Paulo” publicou em 17/05/2012: “Reprovação do ensino médio de SP cresce 11%”. Por quê? Qual o motivo? Podemos levantar alguns fatores como, por exemplo, baixa autoestima, sentimento de impotência, fracasso escolar, exclusão social, necessidade de trabalhar e até, mesmo, falta de perspectiva futura. Mas, se o aluno chega ao Ensino Médio com tais sentimentos e dificuldades, faz-se necessário preocuparmo-nos, urgentemente, com o ensino dos anos anteriores, que começa na Educação Infantil e se estende até o Ensino Fundamental II. É preciso reavaliar as práticas do Ensino de Matemática. Sabemos perfeitamente que a matemática está presente no cotidiano de todos nós. Aprendemos a calcular nossas compras, o troco, o desconto no preço dos produtos, etc. Mas, por que, então, nos bancos escolares, os alunos não demonstram tais habilidades?
               A intenção deste artigo não é apontar culpados, mas desenvolver uma reflexão em todos os educadores do Município, com o objetivo de juntos, desenvolverem propostas e ações eficazes visando à melhoria do ensino da Matemática. Cientistas, psicólogos e pedagogos afirmam que todos nós somos capazes de aprender, que nossos cérebros possuem uma capacidade imensa de assimilar qualquer assunto. Mas como está nossa prática em sala de aula? Como está nossa formação e atualização profissional? Os nossos métodos didáticos têm sido renovados a fim de estimular cada vez mais nossos alunos? Ou continuamos repetindo o modelo no qual fomos educados nos bancos escolares, há décadas? Precisamos repensar tais questões e partir para uma nova busca.
                Piaget (1896/1980) nos deixou estudos valiosos sobre o desenvolvimento cognitivo da criança. Ele demonstrou, através de inúmeras experiências, que a criança, de idade aproximada entre os 7 – 12 anos, se encontra no período operatório-concreto. Ou seja, faz-se necessário um estudo mais aprofundado da teoria e colocá-la em prática. Bem como a elaboração ou reinvenção de uma didática na qual nossas crianças possam aprender a Matemática brincando, jogando, vivenciando através do corpo, de objetos, etc.
Devemos acentuar que essas práticas não são necessárias somente na Educação Infantil, mas sim ao longo de todo o ensino Fundamental I e II.
                É preciso repensar a formação docente. É sabido que, em grande parte dos cursos de Pedagogia, há falhas na formação do professor de Matemática das séries iniciais. Talvez porque este não seja o objetivo, uma vez que se supõe que esse aluno já possua os conhecimentos mínimos necessários. Mas infelizmente não é o que acontece. Muitos alunos escolhem a Pedagogia justamente para não terem que estudar Matemática, devido a traumas sofridos durante seu aprendizado. Por sua vez o curso, em sua grade curricular, oferece somente as práticas pedagógicas do ensino da Matemática. Não tem por obrigação ensinar Matemática aos seus alunos. Esses futuros professores, que terão pela frente uma responsabilidade imensa de desenvolver o gosto e o prazer pela Matemática, o que é perfeitamente possível, apresentam sérias dificuldades. Diante desse dilema, precisamos assumir a postura socrática: “Sei que nada sei”, e partir para a busca dessa formação e superação das dificuldades.
                Se, enquanto professores, queremos fazer a diferença e cumprir com os nossos deveres e obrigações, então precisamos buscar constantemente formação, pois nos encontramos num processo de transformação que só chegará ao fim quando deixarmos de viver. Então, deixo o apelo de uma educadora que se propõe a unir forças e lutar para evitar a continuidade dos dados negativos. Precisamos formar cidadãos capazes de se sentirem seguros para enfrentar as dificuldades e desafios da vida, sem sentimentos de inutilidade e fracasso.

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