Publiquei neste Blog, pela manhã,
algumas observações sobre a diferença de visão, pelo cidadão, entre o serviço
público e o privado, segundo análise do
sociólogo alemão Wolfgang Streeck, publicada na revista Piauí. Logo depois, fui
a uma repartição pública, o edifício da Câmara de Vereadores de Iguape e, sem a
menor intenção de teste, tive uma amostra do modo de atendimento público, em
sua diferença do particular. No artigo anterior, eu não deixei de mencionar a
subjetividade do cidadão, que poderia prejudicar sua análise dos casos, em
prejuízo do serviço público. Espero que a descrição a seguir, tenha como
princípio a objetividade, para que o julgamento do leitor possa ter uma base
segura.
Entrei no majestoso edifício e vi
a mocinha atrás do balcão. A primeira impressão foi que aquela funcionária não
era a mesma que ali me atendera, em outra legislatura. A “outra” teria sido
despedida, promovida ou simplesmente removida de função, por questões partidárias?
Não perguntei. Afinal, eu podia estar enganado. Mas ficou a dúvida e, aqui, volto
a insistir no problema da subjetividade do cidadão: “Eu tive a impressão...”.
Dirigi-me ao balcão e aguardei
que a mocinha terminasse sua ligação telefônica. “Gostaria de falar com um
vereador”, disse. “Qual vereador?”, ela perguntou. “Qualquer um”, respondi. “Não
pode ser”, ela argumentou, “preciso saber qual é, para ligar para sua sala”. “Está
bem, quero falar com o vereador Wilson”. Ela pegou o telefone e, parece-me,
ligou para a sala do edil. Em menos de um minuto, baixou o telefone e informou:
“Ele não está!” “Tudo bem”, eu disse, “então gostaria de falar com qualquer
outro vereador”. Ela tentou vários números, e acabou confessando: “Nenhum deles
está na casa!” Então, como qualquer cidadão, me fiz as perguntas: Será que os
vereadores entram secretamente, em suas salas? Essa mocinha não é a
recepcionista de todos os vereadores, então não devia saber de sua presença e
de seus horários costumeiros?
Mas pode ser que no serviço público,
no caso da Câmara de Vereadores, o cidadão precise marcar audiência, assim como
se faz com um médico ou advogado, particulares. Nada mais justo! Mas eu
gostaria de ser avisado disso, a própria recepcionista podia me informar, para
eu não “bater com a cara na porta, na próxima vez”. Enfim, talvez esse exemplo
dê alguma resposta às questões colocadas no artigo anterior.
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