sexta-feira, 31 de maio de 2013

UMA VELHA NOTÍCIA, UM CONSTANTE PROBLEMA!


Por puro acaso, descobri uma nota de jornal postada há muito tempo, em meu computador:
“Entre os anos de 2005 e 2008, a prefeitura de XXXX gastou cerca de R$ 1 milhão apenas com o pagamento de contas de celulares corporativos”.

        Quero dizer que essa Prefeitura é do Vale do Ribeira, e mais, é  uma cidade de modestos recursos, isto é, tem muitos pobres, como acontece com a maioria das cidades da região. Será que os eleitores de tal cidade foram informados disso? Será que são apenas essas as despesas “dispensáveis” dos funcionários da Prefeitura? Será que uma cidade tão pequena precisa tanto desse tipo de comunicação? Será que outras cidades do Vale, igualmente modestas, igualmente habitada por muitos pobres, não repete esse comportamento irresponsável com o dinheiro público? 

PROCISSÃO DE CORPUS CHRISTI

           
Ontem fui a uma praça assistir à passagem da Procissão de Corpus Christi. É uma cerimônia tradicional, portanto tudo o que vi era a repetição de outros anos. Mas havia uma notável diferença: o reduzido número de fieis a cumprir o ritual e, também, o daqueles que estavam assistindo à passagem do cortejo. Na hora, só fiquei admirado, mas nem cogitei das possíveis causas disso. Mais tarde, lembrando do fato, cogitei de três possibilidades: o reduzido número de fieis dispostos a acompanhar uma procissão teria três possíveis causas: descrença, comodismo e...pentecostais.
        Quando se fala em descrença, pensa-se, imediatamente, em esclarecimento, assim, do tipo filosófico. Nem sempre é o caso e, acho que no caso em pauta, não dá nem para admiti-lo. Não há nenhum sinal de que nosso povo, e estendo o dado “povo” àquele de todas as pequenas cidades brasileiras, esteja, assim, tão mais esclarecido que seus antepassados. Até, pelo contrário, o que se nota é um desinteresse generalizado pela cultura, que permeia a população, entre todos os níveis socioeconômicos. Antigamente, quem não tinha condições de adquirir cultura, pelo menos respeitava as pessoas mais escolarizadas, hoje nem isso.
        Comodismo também influencia. Entre assistir um programa de televisão sentado em casa e enfrentar o frio de maio, na rua, muitos optam pelo primeiro. Procissão é coisa cansativa. Além do mais, ainda que isso não seja falado nem, talvez, pensado, aquele desfile de crentes compungidos, cabisbaixos, naquele passo lento, não entusiasma mais aqueles que estão se criando no pula-pula de músicas malucas, cheias de “som e fúria”, futebol, lutas  de UFC e corridas de carro.   

        Mas, apesar de todos os fatores acima citados, ainda acho que a principal causa da diminuição de pessoas dispostas a cumprir os rituais da Igreja Católica é a adesão progressiva de um número muito grande de cidadãos aos ritos pentecostais. Não sei qual a vantagem ou o atrativo que está levando tantas pessoas a aderir às Igrejas Pentecostais, mas o fato é que seus templos se multiplicam, aqui em Iguape, como no resto do Brasil. Enquanto escrevo isto, posso contemplar, pela janela, mais uma dessas casas com um nome de Igreja que eu ainda nem conhecia, e está bem do outro lado de minha rua. Se continuar nesse ritmo, acredito que a Igreja Católica vai ter que criar um novo discurso, modificar seus ritos, não sei como, pois não dá para adivinhar os pensamentos daqueles que estão em busca de Deus.    

quinta-feira, 30 de maio de 2013

FIM DE SEMANA - DEFINIÇÕES – MÁRIO PRATA



- Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.
- Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta
um capítulo.
- Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.
- Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento.
- Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que devia querer outra coisa.
- Certeza é quando a ideia cansa de procurar e para.
- Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.
- Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.
- Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.
- Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.
- Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
- Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
- Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.
- Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.
- Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
- Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.
- Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente mas, geralmente, não podia.
- Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
- Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.
- Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
- Paixão é quando apesar da palavra ¨perigo¨ o desejo chega e entra.
- Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.
- Não... Amor é um exagero... também não.
- Um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?
- Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não tenha explicação,

esse negócio de amor, não sei explicar.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

DENÚNCIA – ISTO NÃO PODEMOS IGNORAR


ELIO GASPARI

Dilma, a mãe dos cleptocratas

Com a prodigalidade de uma imperatriz, a doutora Dilma anunciou em Adis Abeba que perdoou as dívidas de 12 países africanos com o Brasil. Coisa de US$ 900 milhões. O Congo-Brazzaville ficará livre de um espeto de US$ 352 milhões.

Quem lê a palavra "perdão" associada a um país africano pode pensar num gesto altruísta, em proveito de crianças como Denis, que nasceu na pobre província de Oyo, num país assolado por conflitos durante os quais quatro presidentes foram depostos e um assassinado, cuja taxa de matrículas de crianças declinou de 79% em 1991 para 44% em 2005. No Congo-Brazzaville, 70% da população vive com menos de US$ 1 por dia.
Lenda. Denis Sassou Nguesso nasceu na pobre província de Oyo, mas se deu bem na vida. Foi militar, socialista e estatizante. Esteve no poder de 1979 a 1992, voltou em 1997 e lá permanece, como um autocrata bilionário privatista. Tem 16 imóveis em Paris, filhos riquíssimos e seu país está entre os mais corruptos do mundo.

Em tese, o perdão da doutora destina-se a alavancar interesses empresariais brasileiros. Todas as dívidas caloteadas envolveram créditos de bancos oficiais concedidos exatamente com esse argumento. As relações promíscuas do Planalto com a banca pública, exportadores e empreiteiras têm uma história de fracassos. O namoro com Saddam Hussein custou as pernas à Mendes Júnior e o campo de Majnoon à Petrobras. Em 2010, o soba da Guiné Equatorial, visitado por Lula durante seu mandarinato, negociava a compra de um tríplex de 2.000 metros quadrados na avenida Vieira Souto. Coisa de US$ 10 milhões. Do tamanho de Alagoas, essa Guiné tem a maior renda per capita da África e um dos piores índices de desenvolvimento do mundo.

O repórter José Casado chamou a atenção para uma coincidência: Em 2007, quando a doutora Dilma era chefe da Casa Civil, o governo anunciou o perdão de uma dívida de US$ 932 milhões. Se o anúncio de Adis Abeba foi verdadeiro, em seis anos a Viúva morreu em US$ 1,8 bilhão. Se foi marquetagem, bobo é quem acredita nele.

O Brasil tornou-se um grande fornecedor de bens e serviços para países africanos, e a Petrobras tem bons negócios na região. As empreiteiras nacionais têm obras em Angola e na Líbia. Lá, tiveram uma dor de cabeça quando uma revolta derrubou e matou Muammar Gaddafi, um "amigo, irmão e líder", segundo Lula. Acolitado por empresários, seu filho expôs em São Paulo uma dezena de quadros medonhos. Em Luanda, os negócios vão bem obrigado, e a filha do presidente José Eduardo Santos é hoje a mulher mais rica da África, com um cofrinho de US$ 2 bilhões. Ela tem 39 anos e ele está no poder há 33.

Se o Brasil não fizer negócios com o sobas, os chineses farão, assim como os americanos e europeus os fizeram. As caixinhas de Gaddafi para universidades inglesas e americanas, assim como para a campanha do presidente francês Nicolas Sarkozy, estão aí para provar isso. Contudo, aos poucos a comunidade internacional (noves fora a China) procura estabelecer um padrão de moralidade nos negócios com regimes ditatoriais corruptos.

A doutora diz que "o engajamento com a África tem um sentido estratégico". Antes tivesse. O que há é oportunismo, do mesmo tipo que ligava o Brasil ao colonialismo português ou aos delírios de Saddam Hussein e do "irmão" líbio.

NB: O VALE DO RIBEIRA agradeceria se a Presidente usasse sua generosidade por aqui!!!

 Elio Gaspari, nascido na Itália, veio ainda criança para o Brasil, onde fez sua carreira jornalística. Recebeu o prêmio de melhor ensaio da ABL em 2003 por "As Ilusões Armadas". Escreve às quartas-feiras e domingos na versão impressa de "Poder".


Iguapense conquista Campeonato Brasileiro de Judô Sub-18, realizado na Bahia




Único representante do município, o jovem atleta Leonardo Ribeiro Gonçalves desembarcou na Bahia, para disputar, nos dias 18 e 19 de maio, o Campeonato Brasileiro de Judô, com outros 25 estados, e trouxe na bagagem a medalha de ouro na categoria meio pesado. Mais de 280 atletas participaram da competição. O evento aconteceu no Ginásio do Sesi de Simões Filho, região metropolitana de Salvador e foi promovido pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ), em parceria com a Federação Baiana de Judô (Febaju) e Governo do Estado, por meio da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb).
Iguapense conquista Campeonato Brasileiro de Judô Sub-18, realizado na Bahia
Gonçalves tem uma trajetória de conquistas. Só neste ano sagrou-se campeão Regional e Campeão Paulista e irá disputar o Sul Americano 2013, além dos Jogos Regionais, com a equipe de Iguape, no próximo mês de julho, na cidade de Votorantim. O atleta iniciou o esporte com o professor Lincoln Correa na Associação Yoshida, no bairro do Canto do Morro e, hoje, treina com o Sensei Lucas Alexandre de Oliveira, da Associação Iguapense de Judô, no bairro do Rocio.
Vale destacar que o Campeonato Brasileiro de Judô sub-18 é a última competição que fornece pontos para o ranking nacional de base. Os líderes do ranking representarão o Brasil no Mundial da categoria, que será realizado em Miami (EUA), entre os dias 8 e 11 de agosto.

Conheça os vencedores da Corrida Solidária da Ilha


Cerca de 200 atletas participaram da primeira corrida solidária realizada no Porto da Balsa no domingo 26/05. A festa do esporte também deu um show de solidariedade com a arrecadação de 207 quilos de alimentos não perecíveis que serão encaminhados à área social do município. O diretor da Divisão de Esporte, Ricardo Ragni, afirmou que – em razão do sucesso – a corrida entrará para o calendário oficial de eventos da cidade. Ele fez um agradecimento especial aos funcionários dos diversos departamentos da Prefeitura e empresas que contribuíram para o sucesso da iniciativa.
Conheça os vencedores da Corrida Solidária da Ilha
Destaque para os troféus entregues aos vencedores que foram confeccionados pelos alunos do oficina municipal de fibra de vidro. Acompanhe os resultados:
Categoria feminino
1º – Lenira Aparecida de Souza Mariano – Iguape
2º – Eli da Glória Souza – Iguape
3º – Renata Cristiane Cravo – Iguape
4º – Gianily Dias Bunery – Iguape
5º – Jéssica Ap. da Silva Pereira Lima – Iguape
Categoria masculino
1º – Wesley Santos de Aguiar – Iguape
2º – Wagner Alves Gato – Iguape
3º – Edinei Rangel de Carvalho – Iguape
4º – Daniel de Souza- Registro
5º – Benivaldo Trigo Gonçalves – Iguape

terça-feira, 28 de maio de 2013

“PARTIDOS DE MENTIRINHA”


Não sei por que tantos protestos pelas palavras do ministro do Supremo Tribunal, Joaquim Barbosa, sobre os “partidos de mentirinha” brasileiros. Para não ir muito longe, aposto que nem os dirigentes do Partido Comunista Brasileiro leram Marx, quanto mais seus minúsculos líderes e partidários que se espalham pelos estados e cidades brasileiras. Pensando bem, parece que não havia sinceridade partidária nem no tempo da ARENA e do MDB, um dizendo-se fiel aos generais, outro sendo contra eles.
        Se isso acontecia nos grandes centros urbanos e, até, na Capital da República, imagine-se no resto do país. Aqui, em Iguape, pelo que eu sei, desde tempos remotos havia dois partidos: o Cocho e o Berne. Agendas eram apenas artifício para o registro oficial das candidaturas. Eu disse “agendas”, nem se pense em ideologias. Democracia, Socialismo, Comunismo, Liberalismo, Capitalismo são ideologias guiadas por “cartilhas” pensadas, escritas, discutidas, que dividiram opiniões, provocaram revoluções e orientavam parcelas dos povos civilizados.  
        Agora que temos quase (parece, nem contei) quarenta partidos, aonde foram parar as ideologias? Se já eram escassas antes, o que dizer delas, hoje? Então, o Ministro tem toda razão: nossos partidos, como expressão de opinião, tendência ideológica, orientação dirigista, não têm o mínimo significado. Isso não significa, entretanto, que estejamos piores ou melhores do que em outras eras, quando os grandes líderes políticos (Getúlio Vargas, Luiz Carlos Prestes) sabiam o que queriam e pensavam segundo um conjunto de ideias estudadas, pregadas e defendidas por pensadores de peso.

        Apesar de todas as desculpas que possamos arranjar para justificar essa situação, entretanto, isso não consegue dirimir o mal que resulta dessa, e aqui a palavra é pesadamente válida, ignorância dos políticos brasileiros, a respeito da ideologia que está, ou deveria estar, por trás da legenda que defende. Nas pequenas cidades brasileiras, e aqui o Vale do Ribeira entra com tudo, a barganha, a mudança, o entra e sai nas legendas políticas é uma barbaridade, para dizer pouco. Pode-se dizer que a situação não seria diferente, isto é, o progresso do Vale não viria, mesmo, ainda que seus dirigentes tivessem consciência da bandeira política que defendem. Isso é verdade, mas aqui chegamos a uma triste conclusão: a ignorância ideológica, a existência de “partidos de mentirinha” são a consequência do atraso, não sua causa!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

27 DE MAIO: DIA NACIONAL DA FLORESTA ATLÂNTICA


TRANSCRITO DO GOOGLE

Hoje, dia 27 de maio, é o Dia Nacional da Floresta Atlântica e para celebrar esse dia, nada melhor que ouvir um pouco de um profissional focado na luta pela conservação da biodiversidade. Clóvis Borges, veterinário de formação, é diretor executivo da ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental, SPVS, que trabalha pela conservação da natureza, através da proteção de áreas nativas, de ações de educação ambiental e do desenvolvimento de modelos para o uso racional dos recursos naturais. O blog Pão de Açúcar Verde conversou com o profissional para saber como a população pode ajudar na preservação de áreas como a Floresta Atlântica.

Qual a importância do Dia Nacional da Floresta Atlântica?

Clóvis: O Dia Nacional da Floresta Atlântica é importante para que as pessoas olhem para um problema muito antigo, que é a destruição da nossa biodiversidade. Poder público, privado e sociedade precisam se unir para criar ações concretas para impedir essa destruição.

Como a sociedade pode contribuir com essa conservação?

Clóvis: A sociedade pode contribuir escolhendo os lugares onde vai comprar, conhecendo as empresas e cobrando delas ações sustentáveis. Essa cobrança deve existir também para o setor público, exigindo leis ambientais mais rigorosas. Ou a gente cuida dos recursos do planeta, ou ficaremos sem eles. Não podemos esquecer que esses recursos naturais são finitos.


Quem quiser conhecer um pouco mais sobre o trabalho realizado por 

Clóvis e pela SPVS, pode acessar o site www.spvs.org.br

DESEMPREGO, COLABORAÇÃO E CIDADANIA


Uma circunstância pouco lembrada ou, talvez, pudicamente ocultada, das cidades pequenas e sem recursos, como as nossas, do Vale do Ribeira, é a confusão que se faz entre busca de emprego e desejo de colaboração. “Por que você quer ser vereador, se já tem emprego?” – foi uma patética pergunta que alguém fez a um candidato, na eleição que passou. Espírito público, insatisfação cívica, ideologia, são conceitos de raro trânsito, no pensamento (e aqui precisamos ser absolutamente francos em dizer) mesquinho, de muitos cidadãos de pequenas cidades.
Por que “só” de pequenas cidades? Em primeiro lugar, porque nelas quase todos se conhecem e, se não se conhecem, podem rapidamente, pedindo informação, se conhecerem. Em grandes centros, de modo geral, não se sabe muito da vida particular das pessoas. O homem público só tem sua vida íntima revirada, a partir do momento em que se lança no mundo político, pelo fuxico dos órgãos de informação. Em cidades pequenas há uma corrente de fofocas, da vida pública e privada, que corre célere pelos bares, praças e esquinas.   
        Mesmo à parte dos cargos eletivos, um cidadão prestativo que se oferece para dar uma colaboração em qualquer atividade de interesse público é imediatamente posto em suspeita, como se quisesse tirar o emprego do funcionário encarregado. Eu disse acima que essa “circunstância (é) pouco lembrada”, porque o cidadão que passa por esse vexame de rejeição demora muito em entender a situação, e sua perplexidade acaba por se transformar em pudor pela exposição a uma suspeita infundada.
        É interessante que até nas atividades ligadas à religião existe essa disputa pelo cargo ou função, naturalmente por outras razões, que não financeiras, talvez questões de prestígio, ou simples rixas particulares. Lembro que, há tempos, uma conhecida me narrou um episódio de disputa em torno das comemorações ligadas ao culto da “Bandeira do Espírito Santo”. Já soube de encrencas no coral da Basílica, no serviço auxiliar da missa e, até, na hora de carregar o andor, nas procissões.  

        Bem, não custa nada lembrar que essa atitude de desconfiança, com relação à oferta de colaboração, do “estranho”, é um dos fatores do atraso nos costumes, nas instituições, no modo de vida e na própria situação econômica das pequenas cidades. Parece exagero essa afirmação, mas o progresso é resultado de ideias, inovações e iniciativas que, de modo geral, estão ausentes na rotina predominante no universo burocrático.  

sábado, 25 de maio de 2013

COMO O BRASIL FUNCIONA


Assim são as coisas por aqui: é preciso que uma empresa estrangeira processe um ladrão brasileiro, para que ele pague uma fração de seus “pecados”:

NOTÍCIA:

Dinheiro desviado de obras de Maluf volta à prefeitura

A Justiça da Ilha de Jersey determinou nesta semana o repasse à Prefeitura de São Paulo de 1 milhão de libras esterlinas, equivalente a cerca de R$ 3,3 milhões, que estavam depositadas em contas movimentadas por familiares do ex-prefeito e deputado Paulo Maluf (PP-SP).

Os recursos são associados a desvios que teriam ocorrido durante a execução de obras na cidade, na época em que Maluf era o prefeito, e foram remetidos ao exterior há 15 anos, de acordo com a prefeitura, o Ministério Público Estadual e os juízes de Jersey.


NB: O LADRÃO DEU APOIO AO ENTÃO CANDIDATO, HADAD, E SEU PARTIDO FAZ PARTE DA ADMINISTRAÇÃO DA PREFEITURA DE SP.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

FICÇÃO REGIONAL

                                      EU SÔ DE PAZ
Tem uns que dizem que sô ruim, sô ruim nada, eu sô de paz, os otro é que me inquizilham. Já por isso mudei de Riberão. Lá eu tava bem até num ponto, quando aquele besta do Raimundo me chamô de bunda suja, no meio dos otro, na roda de pinga, no bar do Severino. Retruquei o disaforo, ele me xingô, aí virou tudo na bagunça, intramo no aloite, os otro quisero separá, mas nem pudiam, que tavam tudo bebo. Raimundo que era forçudo me grudô no gasganete, mas eu, que não sô troxa, ando co meu furadô de tripa escundido na cintura, já na primera catucada estiquei ele no soalho. Aí, vai que não vai, pega daqui, cuidado dali, fugi de com pressa, passei em casa, garrei a mulhé e uma troxa e sumi no canaviá. Só parei em Sertãozinho, no ponto de condução, me acertei no rumo e fui prá Iguape, bem longe da confusão, que eu sô de paz.
Em Iguape tava quaje tudo bem, me arranchei no Mumuna, fazia uns treco de trabaio cos sitiante de perto, me defendia numa caça de mundéu, nuns parmito, mandioca, milho. Digo quaje tudo bem porque a mulhé, já nos premero dia, vivia me apurrinhando, desacorçoada, quero vortá, não vai vortá, mas eu quero, não vai, até que preguei um tapa na fuça dela, pra ela pará. Pois a capeta não só não parô como veio pra cima de mim cuma garrafa, eu me cisquei de lado, garrei uma mão de pilão que tava de jeito, reboleei no ar e acertei na tampa da cabeça dela. Foi um gorpe só, ela caiu estrebuchando e eu dexei ela no chão e fui descansá um poco, que a lida tinha sido dura. Puxei um cuchilo e, quando acordei, ela já tava friinha, pois não é que aí até que gostei dela, tadinha, ali, esticadinha, quietinha, carminha, mainga, então me dei tento que só tinha uma enxada pra fazê o buraco pra mode enterrá aquela cristã. Foi uma trabalhera danada, mas deu tudo certo, fiz uma covinha manera, que ela merecia, meio braba, mas artera, inventiva, dando jeito nas coisa, pra gente não tê pobrema. Mas enfim, as coisa acontece, eu tive que fazê o que fiz, não provoquei nada, só me defendi da garrafa, não quiria briga, que eu sô de paz.
 As coisa continuaram, tava carecido de mulhé, mas o resto tava tudo bão, falei, com quem preguntô, que minha mulhé tinha vortado pra Riberão, me acompanharam na tristura, tomando uns copinho de pinga no buteco do Mané. Mas é sempre assim, quando tudo vai bem, o dianho atenta. Eu tava numa tarde cochando umas corda pra consertá o cabo da rede de dormi, daí me aparece a Dindica, mulhé do Sabino, que morava lá perto do rio. Veio cuma oferta de biju, pro meu café, dizia, e eu até que fiquei alegre no premero momento, mas intão me assustei, quê qué isso, a mulhé dos otro me bajulando, é poca coisa, mas dado é dado, eu aceitei, mas tão duvidoso que até isquici de convidá ela pra intrá. Ela riu, assim meio de lado, com aquele jeito de mocinha buliçosa, mas só me dei conta de que aquilo tinha remexido um treco no baxero, quando ela já tava longe.
Na sigunda veis que veio com otra oferta, uns pedaço de cuscuz, eu já tava mais conforme e até conversei mais carmo com a Dindica. Sabia do risco, que essas coisa com mulhé dos otro dão pendenga, mas seja o que Deus quisé, eu não tinha pidido nada, foi ela que veio. Aí, então, eu não me esquivei do maneroso e convidei ela pra intrá e até sentemo num banquinho, conversando um tantico. Vai que vai, aquele risinho nos beiço, as remexida no baxero, não deu pra agüentá, logo, logo, nós tava se rolando por cima da rede que tava de jeito, no chão do rancho. Não quero me gabá, mas quando ela foi simbora eu vi no zóio dela a promessa de vortá. Na minha cabeça, a sastifação brigava coa vontade de não tê mais increnca na vida, que eu sô de paz. Mas entreguei tudo pro destino, que nas coisa da vida a gente manda muito poco.
E foi indo assim, uns bolinho de parmito, umas banana-da-terra frita e nós dois se embolando na rede! Já tinha inté me isquicido da falicida e tava quaje me acustumando com aquele jeito meio escundido de tê mulhé. Vai senão quando, um dia que tomava umas pinguinha cos amigo, no buteco do Mané, uvi aquele safado do Celestino falando meio no mistério, que tinha coisa de traição pelos derredor. Me deu um arripiu na ispinha, eu nem olhei pro arrenegado, mas vi que o Sabino, que tava de pé, no lado do barcão, se mexeu disajeitado, como querendo tirá um criqué das costa. Ali eu sube que o chifrudo já tava em desconfiança, mas nem pudia maginá o avanço da notícia, que só se escrachô de veis, quando o filho da mãe do Celestino compretô sua arenga com um tiro certero:  “Gente fugido de Riberão só serve pressas coisa!”
O resto foi aquele sunsurro. Eu vi o Sabino se achegando na minha dereção, os amigo sartando das cadera, o Mané tirando as garrafa do barcão, e eu pulei de pé, que sentado não é pusição pra enfrentá confusão. O cornudo nem conversô nem nada. Eu vi o crarão da pexera e saí de banda, que a mão armada vinha direto no meu bucho. Garrei uma cadera, rodopiei ela no ar e acertei no cocuruto do traído, que caiu no chão com faca e tudo. Olhei pros lado e tava tudo abobado, na espera. Me aprumei, puxei uma nota, mostrei de longe pro Mané, pus em riba da mesa e saí direto. Só parei um poco no rancho, pra pegá umas ropa, fiz a troxa, botei nas costa, dei uma olhada de dispidida na sepurtura da mulhé e caí fora. Não ia esperá por ninguém, porque briga por mulhé só dá disgraça, eu não quiria mais quizilha, que eu sô de paz! 


                          

Cadeia Pública de Registro é interditada após fiscalização


A Cadeia Pública de Registro foi interditada, após fiscalização da Vigilância Sanitária. A decisão de fechar o local foi da Corregedoria do Tribunal de Justiça. A superlotação do presídio é apenas um dos problemas.
Além de não poder receber novos presos, todos os detentos que estão no local devem ser transferidos até 15 de junho. A Cadeia Pública de Registro fica no Centro, e foi interditada depois de uma inspeção da Vigilância Sanitária e de outros órgãos, que atestaram falta de segurança no local. “A estrutura é antiga, as celas são pequenas, existem problema de vazamento de torneiras, registros, descargas. Tem que remover os presos, porque não há como falar em reforma com os presos dentro da cadeia”, explica o delegado seccional de Registro José Aparecido Severo.

O delegado diz que além da falta de infraestrutura, o lugar que tem capacidade para 82 presos, está com 105 aguardando julgamento. A transferência é uma determinação da Secretaria de Administração Penitenciária. “Nós temos cadeia em Miracatu, Juquiá, Sete Barras, Cananéia e Registro, com os presos provisórios da seccional. As cadeias que eu tenho são pequenas e não teria como receber mais presos da região”, completa.

Para desafogar as cadeias do Vale do Ribeira a polícia aguarda a construção de um Centro de Detenção Provisória (CDP). O município de Registro já tem uma área para a construção do CDP, mas por enquanto, o Governo do Estado iniciou só o serviço de terraplanagem do terreno, onde será construído o prédio para abrigar 768 presos da região.


O local fica a sete quilômetros do centro da cidade, na rodovia Régis Bittencourt. Segundo a Secretaria de Assuntos Penitenciários ainda não há prazo para a entrega da obra.

Jacupiranga arrecada mais de 5 mil peças de roupa na Campanha do Agasalho 2013


O Fundo Social de Solidariedade de Jacupiranga arrecadou mais de 5 mil peças durante as ações da Campanha do Agasalho no município. Com as doações feitas nas caixas distribuídas em diversos pontos da cidade, foram recolhidas 4.823 peças de roupas, somados a 165 pares de sapatos. O Fundo Social do Estado de São Paulo também enviou outras 50 caixas de roupas à cidade. O Boi no Rolete, promovido pela Sabesp, em Registro, também contribuiu com a nobre causa, e disponibilizará cobertores para o Fundo Social de Jacupiranga.


Além disso, foram promovidos na cidade um pedágio beneficente e rifas. Com os recursos, a primeira-dama Mara Macedo comprou roupas novas, principalmente infantis, para distribuir às crianças mais necessitadas. Nesta
semana, o Fundo Social de Jacupiranga iniciou a entrega das peças nos bairros rurais e em seguida fará as doações no perímetro urbano. “Queremos agradecer a todos que, com um gesto de solidariedade, compreenderam o objetivo da campanha, que é atender as necessidades das pessoas mais carentes do município nesse inverno. Nossos agradecimentos ainda a todos aqueles que nos ajudaram com a campanha, sendo voluntários nesse importante trabalho”, disse a primeira-dama Mara Macedo.

Grandes shows estão confirmados no Ilha Julina 2013



A Prefeitura da Ilha Comprida divulgou a programação prévia do Ilha Julina 2013, com a inclusão de grandes shows gratuitos, na Praia do Boqueirão Norte. A Ilha Julina será realizada entre os dias 5 e 9 de julho, em estrutura coberta instalada na Praia do Boqueirão. Além dos shows, haverá a praça de alimentação, atividades para as crianças, exposição e venda de artesanato e muitas danças. Acompanhe a programação:
5 de julho- Sexta – Shows regionais
6 de julho- Sábado- Chambinho do Acordeon ( ator que interpretou Luiz Gonzaga no filme Gonzaga, de Pai pra Filho )
7 de julho- Domingo- Fala Mansa
8 de julho- Segunda – César Menotti & Fabiano

9 de julho- Terça – Shows regionais

Registro será polo da etapa intermunicipal da CONAE 2014



Em reunião na sexta-feira, 17 de maio, representantes da Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Registro, da Diretoria Regional de Ensino, da CUT/SP e da Secretaria de Educação do Governo do Estado iniciaram as discussões para realização da CONAE 2014 – Conferência Nacional de Educação. A segunda edição do evento será realizada de 17 a 21 de fevereiro de 2014, em Brasília, e terá como tema central, conforme prevê o Documento-Referência, “O PNE na Articulação do Sistema Nacional de Educação: Participação Popular, Cooperação Federativa e Regime de Colaboração”. Registro será o município polo da etapa intermunicipal e coordenará os 14 municípios do Vale do Ribeira.

De acordo com Sebastião Haroldo F. C. Porto, da Comissão de Monitoramento e Sistematização e Comissão de Mobilização e Divulgação do Fórum Estadual de São Paulo, nesta edição ocorre um grande empenho para se obter a maior participação possível da sociedade civil, e Registro, como cidade de referência para toda a Região, permitirá que a conferência seja democrática, mobilizando e motivando os participantes. “Se a sociedade brasileira estiver mobilizada como um todo, ficará muito mais fácil fazer com que a educação seja responsabilidade de todos”, disse Sebastião.

A Conferência Nacional de Educação é um espaço democrático, aberto pelo Poder Público e articulado com a sociedade, para que todos possam participar do desenvolvimento da Educação Nacional. A Conferência possui caráter deliberativo e apresentará um conjunto de propostas que subsidiará a implementação do Plano Nacional de Educação (PNE), indicando responsabilidades, corresponsabilidades, atribuições concorrentes, complementares e colaborativas entre os entes federados e os sistemas de ensino.


A CONAE é precedida por etapas preparatórias, compreendidas em conferências livres e conferências ordinárias municipais e/ou intermunicipais, estaduais e do Distrito Federal, sendo todas estas atividades realizadas até o final de 2013. O objetivo é garantir a participação da sociedade nas discussões pertinentes à melhoria da educação nacional. Nesses eventos, portanto, os espaços de discussão são abertos à colaboração de todos — profissionais da educação, gestores educacionais, estudantes, pais, entidades sindicais, científicas, movimentos sociais e conselhos de educação, entre outros. Assim, por meio destes encontros, o Fórum Nacional de Educação (FNE) e o MEC buscam garantir espaço democrático de construção da qualidade social da Educação Pública.

Cajati comemora 22 anos de emancipação político administrativa


O Município de Cajati completou neste último domingo, 19, seus 22 anos de Emancipação Político Administrativa. Para comemorar a data, a Prefeitura através do Departamento Municipal de Saúde, em conjunto com os demais Departamentos Municipais e com o Fundo Social de Solidariedade, presidido pela primeira dama, Srª Márcia Koga, realizou na Praça da Bíblia mais uma edição do Programa “Agita Cajati”.

O Programa é voltado às ações de promoção à saúde pública, por meio de atividades físicas e de Combate ao Sedentarismo, considerado o principal fator de risco para algumas das principais doenças da humanidade, como infartos, acidentes vasculares e obesidade. Sua proposta é propor e incentivar a população a realizar 30 minutos de atividades físicas – se possível, diariamente- como estratégia de redução de doenças crônicas não transmissíveis e para a qualidade de vida.

A festividade aconteceu no período das 8h às 13, e reuniu um grande número de pessoas. O Vice-Prefeito Ismael P. Fernandes, representando o Prefeito Luiz Henrique Koga, iniciou abertura oficial do Agita Cajati agradecendo aos presentes, vereadores e a todos que fizeram parte da organização do evento. Logo em seguida, a BAMUC- Banda Municipal de Cajati entoou o Hino Nacional e do Município enquanto as bandeiras eram hasteadas.

A ação ofereceu orientação sobre a saúde bucal, teste de glicemia e aferição da pressão arterial. A questão nutricional também foi abordada com questionários de frequência alimentar e atividades físicas, além de medição do índice de massa corpórea (IMC), peso e altura.

Os participantes também puderam contar com uma série de atividades como alongamento, caminhada (sob orientação da professora e coreógrafa Flavia Augusto), ginástica aeróbica, demonstração de artes marciais como Karatê, Jiu-Jitsu e Taekwondô, além de exposição de peças artesanais produzidas nas oficinas de geração de renda do Departamento Social e apresentações de dança com o grupo do projeto social “Sem Fronteiras”, Núcleo da Melhor Idade, alunos da APAE e Hip Hop com os alunos da academia El Shadai.

Ao final do evento, receberam os certificados de Honra ao Mérito por determinação e superação, pela participação no “Projeto Caminhada Para Vida” - programa de orientação sobre cuidados básicos com alimentação e exercícios físicos - o Sr. Cícero Jorge Pereira, entregue pelo educador físico Leandro Santos Pereira, a Sr.ª Maria Anita da Silva, entregue pela nutricionista Vanessa Araújo, a Sr.ª Aparecida Goes (frequentadora assídua do programa que, em um ano, eliminou 35 quilos), entregue pela enfermeira Ayla Santos e o Sr. Guilherme Ribeiro, entregue pelo diretor do Departamento de Saúde, Carlos Eduardo dos Santos.


De acordo com o diretor do Departamento de Saúde, Carlos Eduardo dos Santos, esse evento é de extrema importância para incentivar a população a ter uma vida mais saudável com a prática de atividades físicas. “Precisamos orientar as pessoas sobre benefícios da atividade física e sua importância como fator predominante de promoção da saúde”, finalizou.

Mostra “Drummond, Testemunho da Experiência Humana”




A partir desta sexta-feira, 24 de maio, o saguão do Centro de Educação e Cultura KKKK recebe a mostra “Drummond, Testemunho da Experiência Humana”, uma iniciativa da Fundação Banco do Brasil, organizada pela Secretaria Municipal de Educação com apoio da Secretaria Municipal de Cultura. A exposição, que permanecerá em Registro até domingo, 2 de junho, retrata a vida e o pensamento do poeta mineiro, incluindo a infância, o início e a conclusão dos estudos, a vida familiar, seu casamento e as obras.

Também estarão expostas mais de 50 ilustrações, poesias e crônicas feitas pelos alunos do 5° ano do ensino municipal. A entrada é gratuita e a visitação pode ser feita das 9h às 21h. A mostra faz parte do Projeto Memória e vai passar por 1.000 municípios brasileiros até dezembro de 2013.

O projeto prevê ainda a distribuição da fotobiografia de Drummond a 6 mil bibliotecas públicas, listadas no cadastro da Biblioteca Nacional. Realizado pela Fundação Banco do Brasil desde 1997, o projeto tem o objetivo de resgatar, difundir e preservar a memória cultural brasileira, por meio de homenagens a personalidades que contribuíram para a transformação social e para a construção da cultura nacional.

Desde o início do ano letivo, os alunos do 5° ano das escolas municipais de Registro estudam as crônicas e poesias de Carlos Drummond de Andrade. Os professores também passaram por capacitação especial para lecionar o tema através do programa “Ler e Escrever”, do Governo do Estado de São Paulo.

O Complexo Cultural KKKK – Centro Paula Souza (ETEC) fica na

Rua Miguel Aby-Azar, 53 – Beira Rio – Informações: (13) 3822-4492

quarta-feira, 22 de maio de 2013

EXCESSO DE CACIQUES?



Durante muitos anos, o poder político em Iguape foi disputado apenas por dois caciques: saía um, entrava outro, ou seu preposto, numa alternância rotineira. A diferença entre uma administração e outra? Nenhuma! Apenas alguns nomes se alternavam em cargos de confiança, e outro tanto na vereança. O que um, às vezes, fazia mais importante que o outro era resultado de alguma verba extra, mandada pelo Estado ou pela União. Mas os iguapenses estavam satisfeitos, com esse campeonato sempre empatado. Tanto que, por muitos anos, nada fizeram para mudar o quadro político, de Iguape.

Até que surgiu o problema “Ilha Comprida”. No início, era apenas um bairro da cidade, preferido para passeios, por conta de suas praias. Mas, com o tempo, “estrangeiros” foram se fixando por lá, tomando consciência de seus problemas mas, principalmente, pressentindo seu futuro. Então, quando a população da Ilha tomou corpo, começaram as reivindicações: melhorar os caminhos de acesso, retirar o lixo, organizar a ocupação dos terrenos, etc. O prefeito em exercício mandava um administrador, naturalmente de seu grupo, e ia levando.

Mas os “ilhéus” nunca estavam satisfeitos. Aliás, também do lado de cá, sempre houve reclamações, justas ou injustas. Durante uma dessas reuniões reivindicatórias, quando se avolumaram as reclamações, os ilhéus ouviram do prefeito da hora uma resposta-solução de estarrecer: “Se vocês não estão satisfeitos com as condições da Ilha, por que não mudam para a cidade?” Foi assim que o germe da cizânia foi se avolumando. Foi assim que começou a crescer a ideia da separação da Ilha do município de Iguape, o que acabou acontecendo, tirando deste a importância de 70% da arrecadação de impostos.

E é assim que caminham as coisas, não só nesta parte do Estado de São Paulo, mas de todo Brasil. Por conta de relaxamento de uns e ambições de outros (o excesso de caciques), dividem-se territórios (mesmo com os Estados acontece isso), multiplicando os gastos com o funcionalismo, com o poder, com a burocracia. No Brasil, há municípios que não conseguem nem pagar o soldo dos vereadores, quanto mais dos funcionários. Então ficam reclamando dos poderes centrais, Estados ou União, por mais verbas, por mais atenção, para fazer aquilo que é necessário, nas cidades, mas para o qual eles não estão preparados.  

O TEMPO PASSA!




É muito vago falar em atraso, sem especificações . O mundo não muda por inteiro, isto é, muitas de suas partes, suas nuances, suas várias camadas de existência são independentes, uma das outras, então mudam em tempos diferentes, algumas delas não mudam, outras podem até retroceder. Por isso, quando se mencionar “atraso” é necessário especificar o que se quer significar com isso, e qual é o alvo. Esse cuidado vale para tudo, negócios, costumes, crenças e diversões.
Muitas coisas do passado são tristes e até vergonhosas, como a escravidão, as castas sociais e os preconceitos, mas muitas delas dão até saudades, tal a sua delicadeza, beleza ou respeito. Por isso não se pode condenar o passado radicalmente, como se tudo aquilo que era e deixou de ser tenha sido substituído por coisa melhor. Em alguns exemplos, pelo contrário, as coisas pioraram, e isso não é preciso especificar, pois uma das vantagens de nossos dias é que tudo se sabe, só bastando para isso que se fique atento ao noticiário.
Em todo caso, o que melhorou ou piorou, o que ficou mais feio ou mais bonito, tudo isso deve ser visto e discutido com cuidado, pois os critérios de julgamento são variáveis e, num regime democrático, todas as pessoas têm o direito de pensar por si próprias. Na foto acima, temos uma amostra de como as pessoas se compunham, na expressão de seus costumes religiosos. Hoje seria impossível repetir isso, que pareceria, talvez, ridículo. Mas naquele tempo, essa imagem provocava respeito. Eu disse “naquele tempo”, mas para quem consegue julgar as coisas com isenção, levando em conta a relativização histórica, o respeito ainda permanece. 

terça-feira, 21 de maio de 2013

CORRUPÇÃO – PRAGA NACIONAL




NOTÍCIA 1: “A Prefeitura de São Paulo exigirá que seus 135 mil funcionários ativos informem seus patrimônios.”
NOTÍCIA 2: “Há 813 servidores com patrimônios imobiliários eu valem trinta vezes os rendimentos que receberam da “Viúva” (República brasileira, no modo irônico do jornalista) nos últimos dez anos”
NOTÍCIA 3: “Outros 858 acumularam patrimônios 35 a 50 vezes maiores que o total de seus rendimentos”.
NOTÍCIA 4: “Sessenta bateram a marca das cem vezes e, no cercadinho VIP, ficam cinco gênios financeiros. Eles amealharam, só em imóveis, o equivalente a 576 vezes o que receberam”.
        Quando se fala em corrupção, entre nós, pensamos logo nos políticos em atividade. Ledo engano. Pelo poder que eles têm, seu comportamento é até modesto, no terreno da malandragem. No Brasil como em outros países atrasados (sim, a corrupção faz parte do atraso social dos povos) esse comportamento não é um privilégio dos políticos, mas de uma boa parte da população. E a corrupção não é derivada do mau-caratismo, somente, mas um modo de sobrevivência.
        Exemplos:
1)   Quando providenciava os papéis para a abertura de uma empresa, em São Paulo, tive que entrar em contato com várias repartições públicas. O esquema era o seguinte: a gente chegava no balcão e entregava os papéis. Começava o diálogo com o recepcionista: “Daqui há quinze dias fica pronto”. “Puxa, mas eu precisava disso logo!”. “Bem, me dá aí quinhentão que eu arrumo tudo dentro de uma hora!”
Alguém é capaz de dizer que ficaria no protesto, ou se disporia a denunciar o corrupto, sabendo que aquele “quinhentão” ia ser dividido entre vários funcionários, inclusive o diretor da repartição?
2)   Fui tirar um “atestado de residência” (a exigência desse documento já faz parte das barbaridades deste país), na delegacia. O recepcionista informou: “O senhor compra um formulário, preenche e entrega aqui. Em quinze dias, ele fica pronto.” “Mas eu precisava disso prá hoje ou, no máximo, para amanhã”. “Então eu aconselharia ir ao despachante, logo ali, do outro lado da rua”.
Fui ao despachante, dei os dados (não precisei provar nada: se eu desse qualquer endereço, o resultado seria o mesmo), ele preencheu os papéis, pediu para que eu aguardasse dez minutos, atravessou a rua e voltou com a assinatura do delegado. “R$ 50,00 reais.”

        Agora, a pergunta que não quer calar: “O corruptor (eu, no caso) também não faz parte do esquema de corrupção?” Pois é, somos todos corruptos, pela necessidade de sobrevivência. Sem o “jeitinho” não conseguimos nem uma merda de atestado de residência, neste país. Sem contar que no meio desse processo nojento, estão diretores, delegados, e outros “próceres públicos”, homens que, por função e obrigação, deveriam cuidar para que as leis fossem cumpridas.  

domingo, 19 de maio de 2013

UM CAMPEONATO INESQUECÍVEL - CONTO


  
                                                                                                                                                                                                                                      
As noites silenciosas, a tranqüilidade das ruas e a bonomia de seus habitantes, fizeram de Iguape a cidade preferida pelos aposentados. Além das vantagens da própria cidade, há a proximidade do mar, um rio piscoso e belas paisagens da Mata Atlântica. Num rápido passeio pela cidade é possível verificar o grande número de “coroas”, passeando à beira do Valo Grande e baixada do Mar Pequeno, ou proseando pelas esquinas, nos bancos da praça e no murinho da Basílica.
De conversa em conversa, certo dia, um desses aposentados, entusiasta dos esportes, sugeriu a idéia de promover um campeonato de futebol, de “super-veteranos”. A idéia pegou, foi se espalhando e, após uma barulhenta reunião na praça da Basílica, criou-se uma comissão organizadora, formada por alguns senhores mais bem articulados, que tinham sido gerentes de empresa, chefes de venda e, mesmo, alguns veteranos jogadores de futebol.
Os primeiros itens do regulamento que então se redigiu, diziam respeito à fixação da idade mínima em sessenta anos, e a apresentação de um atestado médico recente, que garantisse a integridade física de seu portador, ressaltando sua capacidade de se submeter a grandes esforços e intensas emoções. Para cumprir todas essas formalidades, gastaram-se umas duas semanas. Na primeira reunião oficial do campeonato, formaram-se os oito times que disputariam o campeonato, com seus respectivos reservas, tendo sido acordado o sistema de eliminatória simples.
        Com entrada grátis, o primeiro jogo, num belo domingo de sol, bateu o recorde de espectadores, com uma torcida vibrante. Avisado da peleja, o Centro Médico da cidade, por ordem expressa do Prefeito, colocou uma ambulância na porta do estádio, já se sabe por quê. Antes do início do jogo, dois jogadores desistiram, um porque destroncou o pé, ao praticar mogangas (que ele chamava de aquecimento), outro porque os calos “chiaram”, quando submetidos à dureza da chuteira. Dos que entraram em campo, um foi impedido, pelo juiz. Estava alegre demais, falando palavrões e desacatando os adversários. A “comissão antidoping” logo constatou que, no caminho para o estádio, ele fizera paradas estratégicas em vários bares, comemorando antecipadamente sua estréia em campo. Por falta de um bafômetro, não foi possível medir o teor alcoólico do acusado. Os amigos trataram de acomodá-lo num canto do estádio, apesar de seus protestos, e lá ficou ele, balançando de um lado para outro, proferindo um palavrório de baixo calão. 
        O apito inicial do prélio foi saudado com palmas e vivas pela torcida. Todos os jogadores começaram com muita energia, mas logo nos primeiros quinze minutos, o ânimo começou a arrefecer, assumindo a partida um ritmo mais lento. Muitos aproveitaram as freqüentes interrupções para sentar um pouco e recuperar o “gás”, antes de continuar a peleja. As interrupções eram causadas pelas substituições de jogadores. Demoravam um pouco, porque o “técnico” fazia questão de explicar ao jogador que entrava, a sua tática de jogo, as precauções que ele devia tomar, os pontos fracos e fortes do time adversário, do que resultava uma discussão, tanto por alguma discordância do jogador, como pelos palpites de alguns circunstantes. E foram muitas as substituições, causadas por “pontadas” suspeitas na altura do peito, falta de ar, pressão alta, dor no baço. Lá pelas tantas, o juiz “convidou” um dos jogadores a se retirar, em virtude de uma descontrolada flatulência, o que perturbava os companheiros. Com todos esses incidentes, esvaziaram-se os bancos de reservas. Desfalcados, os times em disputa terminaram o jogo praticamente com os dois goleiros e as respectivas defesas. Depois do jogo, seguiu-se uma garimpagem no campo, para catar óculos, aparelhos de surdez e dentaduras perdidas, acompanhada de uma tumultuada conferência, para ver quem era dono do quê.
        Aos trancos e barrancos, o campeonato prosseguiu, nos domingos seguintes, trazendo ao estádio uma torcida cada vez mais vibrante e agressiva. O sadismo de alguns assistentes era recompensado pelas contínuas “baixas”, causadas por acesso de lumbago, artroses, comichão na próstata, fibrilação ventricular, câimbra e até um caso de fratura. Os enfermeiros se esfalfavam no trabalho de retirar os “desistentes” do gramado. Para dar continuidade aos jogos, permitiu-se que os times vencedores, todos desfalcados, conchavassem os jogadores dos times eliminados para completar sua equipe.
Assim mesmo, apesar de restarem poucos jogadores em pé, no final do campeonato, todos na cidade concordaram que nunca houve antes um campeonato com tantas emoções. A entrega dos troféus e medalhas foi uma tarde de gala, com fogos e rojões, sem esquecer o minuto de silêncio, em homenagem aos que se encontravam no hospital. Também na cerimônia da entrega das medalhas houve uma baixa: o chefe da comissão organizadora, eufórico com o sucesso do campeonato, não suportou a emoção e foi recolhido ao hospital, com fortes dores no epigastro.

sábado, 18 de maio de 2013

YOANI SANCHEZ – UMA VOZ DISCORDANTE



Transcrevemos, aqui, um artigo de Yoani Sanchez, a blogueira que esteve recentemente no Brasil, para desgosto do governo mensaleiro aqui instalado. Como todos sabem, há perfeita sincronia entre o governo petista, a ditadura de Cuba, e a “democracia chavista” da Venezuela. Yoani Sanchez é voz isolada que escreve sobre o “outro lado” do país comandado pelos irmãos Castro.

En el Día Mundial de las Telecomunicaciones y de la Sociedad de la Información

Se ven iguales que todos los demás: pequeños, revoltosos, dispuestos al juego y a la burla, como cualquier niño. Pero algo los distingue, más allá del barrio donde viven o de la familia que tienen. Forman parte de una generación que se le escapa al adoctrinamiento de los medios oficiales, pues se ha refugiado en la programación televisiva ilegal. Son “los hijos de la antena”, los consumidores directos de la cartelera de esas parabólicas tan perseguidas como extendidas. Cuando la maestra les pregunta en el aula si vieron el noticiero del día anterior, son de los que miran hacia el techo o se inventan una respuesta. Pero cuando interactúan entre ellos, todos se saben el nombre del presentador de moda en La Florida o de la ganadora del último concurso de Nuestra Belleza Latina.
No hay estudios claros de cuántas personas en la Isla acceden a estos canales proscritos. Resulta difícil calcularlo porque es un tema del que se habla poco en público por temor a las confiscaciones y a las multas; pero también porque basta que una familia tenga una de esas antenas parabólicas para que pase la señal por cable a una decena, una veintena o medio centenar de casas de vecinos. Los más atrevidos hasta han instalado el tendido por debajo de las calles, después de fingir que hacían una reparación autorizada a causa de alguna tubería rota. El dueño principal del perseguido artefacto es quien decide la programación que después verán todos los abonados en sus respectivas pantallas. El precio mensual ronda los 10 dólares, aunque algunos pueden tener el servicio gratis, especialmente los delatores del barrio a los que se les compra de esa forma su silencio.
Sin embargo, más allá de estos detalles técnicos de cómo se comete tal ilegalidad, los más interesante es el fenómeno sociológico que está generando. Muchos cubanos de las jóvenes generaciones –especialmente en la capital- apenas si consumen la televisión nacional. Se han escapado de la dosis de ideología que ésta porta y la han sustituido por un surtido más frívolo pero menos politizado. Entre esa teleaudiencia hay muchos niños, para los que el efecto de las consignas y las campañas oficiales va en detrimento. Son los hijos de la antena, amamantados con lo ilícito y acostumbrados al otro lado de la información, o de la desinformación. Han crecido con el control remoto entre las manos y con dar un simple clic acceden cada día a lo prohibido.
P.D: “no tiene sentido prohibir” la circulación de noticias, pues ello es “casi una quimera imposible” porque la gente “las conocen”. “Hoy las noticias de todos lados, las que son buenas y las que son malas, las que están manipuladas y las que son verdades, las que están a medias, circulan por las redes, llegan a las personas, las gentes las conocen, y lo peor es el silencio”, indicó el funcionario ante una conferencia de educadores, según un reporte televisivo” aseguró hace pocos días Miguel Díaz-Canel, primer vice presidente de Cuba.

JOSÉ MUJICA: ENFIM, UM ESTADISTA HONESTO




O presidente do Uruguai, José Mujica, afirmou em entrevista concedida nesta sexta-feira (17/05) à rede estatal chinesa Xinhua que não concorda com o título que lhe foi atribuído pela imprensa internacional de “presidente mais pobre do mundo”, em razão de seu estilo de vida simples. Segundo ele, esse título é incorreto porque “pobres são aqueles que precisam de muito para viver”. Segundo ele, sua vida austera tem como objetivo “manter-se livre”.
“Eu não sou pobre. Pobre são aqueles que precisam de muito para viver, esses são os verdadeiros pobres, eu tenho o suficiente”, afirmou. "Sou austero, sóbrio, carrego poucas coisas comigo, porque para viver não preciso muito mais do que tenho. Luto pela liberdade e liberdade é ter tempo para fazer o que se gosta”, disse o presidente. Ele considera que o indivíduo não é livre quando trabalha, porque está submetido à lei da necessidade. "Deve-se trabalhar muito, mas não me venham com essa história de que a vida é só isso".
Assim como já fez com outros correspondentes internacionais, Mujica recebeu a equipe de reportagem chinesa em sua modesta propriedade rural em Rincón del Cierro, nos arredores de Montevidéu, ao lado dos cães e galinhas que cria e alimenta todos os dias. Aos 77 anos, Mujica doa 90 % de seu salário de 260.000 pesos uruguaios (quase 28 mil reais) a instituições de caridade. Não possui cartão de crédito nem conta bancária. Sua lista de bens em 2012 inclui um terreno de sua propriedade e dois com os quais conta com 50% de participação, todos na mesma área rural – diz ter alma de camponês, e se orgulha de sua plantação de acelgas, e já pensa em voltar a cultivar flores. Possui dois velhos automóveis dos anos 1980 (entre eles um Fusca com o qual vai ao trabalho) e três tratores.

INTERESSA A TODOS, HOMENS E MULHERES





             BLOG SOBRE MATERNIDADE RESPONSÁVEL

Há tempos, publicamos, aqui, uma nota sobre o parto natural, praticado no Vale do Ribeira, de autoria de Bianca Lanu, notável antropóloga e pesquisadora, de Cananeia. Gostaríamos de indicar ao leitor o Blog sobre o mesmo assunto, da mesma Bianca e Ana Carolina, que pode ser acessado em

                       http://www.partonobrasil.com.br/

“IGUAPE – CIDADE DO HUMOR FRATERNAL” – LIVRO DE MEMÓRIAS - 2005



O BOM HUMOR FRATERNAL
Para aliviar a “dureza” da vida, em Iguape, temos o vento leste, a cerveja e o bom humor. O vento leste é dom da natureza, a cerveja, embora tenha sua origem no Egito, foi presente dos europeus, mas o tipo especial de bom humor que por aqui viceja, é autóctone. Com relação a isso, nossos conterrâneos seguem à risca o conselho de Oscar Wilde: “A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada”. Mas é o mesmo escritor que adverte: “Uma gargalhada também é a melhor maneira de terminar uma amizade”. Afinal, nem tudo é perfeito. Além disso, há quem prefira sacrificar até a amizade para não perder uma boa piada. Mas, insistimos, o humorismo que por aqui viceja é particular e intransferível. Não tem validade universal, não é composto de temas genéricos, que funcionam em qualquer lugar. Ele se sustenta dos elementos da sua própria cultura, ou então reelabora as contribuições alienígenas, acrescentando o tempero local, consistente de gestos ladinos, malabarismos vocais e sintaxe ardilosa. Esse traço particularista torna o humor iguapense uma espécie de código familiar uma linguagem de irmãos, daí o adjetivo fraternal, com que o qualifico.
Mesmo com sua originalidade, é possível entrever o parentesco desse humor com aquele de alguns antigos “mestres do ofício”. Ele lembra um pouco o tom sarcástico de Bocage, o “língua de trapo” dos poetas portugueses, entre outras coisas pelo gostinho de fazer reparos pouco lisonjeiros sobre a aparência das pessoas. Como aquele caso ocorrido num dia de Carnaval. Um grupo de pessoas estava apreciando o desfile dos blocos, em torno da Praça da Basílica, quando passou um sujeito baixinho, com pernas muito curtas. (Alguém havia comentado, pouco antes que, de tanto dançar e pular, muita gente ia “gastar as pernas”) No meio do grupo, uma voz exclamou: “Eh! Aquele dançou ‘pouco’!” Sacada típica de
Bocage, um campeão da sátira, que turbinava suas observações, por meio de epigramas. Foi assim que o mais galhofeiro dos poetas portugueses, referindo-se ao escritor Nicolau Tolentino, que tinha pés enormes, escreveu: “Se o Padre Santo tivesse/ Uns pés dos teus, Nicolau/ Podia mesmo de Roma/ Dar beija-pé em Macau”. E sobre o nariz um tanto exagerado de uma senhora: Nariz, nariz e nariz/ Nariz que nunca se acaba/ Nariz que se ele desaba/ Fará o mundo infeliz”.
        Em nossa cidade, a piada nasce das conversas comuns. Numa roda de amigos falava-se sobre as vantagens da ginástica, de como uma boa corrida matinal ajuda a manter a saúde. “Isso é bobagem”, observou um dos presentes, “tartaruga não corre e vive até os trezentos anos”. Durante a ditadura militar, apareceram alguns “arapongas” da polícia, tentando descobrir se havia subversivos na cidade. Disfarçadamente, no meio de uns goles de cerveja, perguntaram ao dono do bar se na cidade havia algum comunista. “Comunista? Que eu saiba não. O que nós temos aqui são muitos comodistas!”
        Antigamente, não havia em Iguape oficinas especializadas em ataúdes, os quais, por essa razão, eram confeccionados por marceneiros comuns. Um desses profissionais foi à casa de uma senhora falecida, tirou as medidas do corpo, preparou e entregou o ataúde, segundo a encomenda. Entretanto, algumas horas depois, vieram à sua marcenaria reclamar que o defunto não cabia no caixão. Surpreso, o marceneiro voltou à casa enlutada para ver o que tinha acontecido. Observando a mulher estendida na cama, percebeu que ela calçava sapatos com enormes saltos, o que, naturalmente, a fazia mais comprida que o caixão. O marceneiro encarou os familiares da falecida e perguntou, com uma ponta de ironia: “Por acaso a madame vai a alguma festa?”

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Cananéia recebe espetáculo premiado e oficina teatral



Boa Companhia apresenta ‘Cartas do Paraíso’, inspirado em relatos de jesuítas e viajantes sobre a Terra Nova, e compartilha, com oficina, procedimentos utilizados na criação da obra
Mais de 400 anos depois que os jesuítas aportaram no litoral brasileiro, a Boa Companhia, de Campinas, viaja a antigas “capitanias” com espetáculo inspirado nos relatos dos viajantes que empreenderam a primeira aventura globalizante da humanidade. Nos dias 24, 25 e 26 de maio, Cananéia recebe o espetáculo Cartas do Paraíso, e a oficina Um corpo em estado de viagem, que compartilha os procedimentos utilizados na criação da obra.
Serão realizadas três apresentações: nos dias 24 e 25, às 20 horas, no Centro Comunitário de Cananéia, e no dia 26, às 16 horas, na Aldeia Indígena do Acaraú. Também nos dias 24 e 25, no Centro Comunitário, será realizada a oficina, aberta ao público e direcionada aos interessados em artes cênicas, das 10h às 13h e das 14h às 18h.
Os eventos, com entrada gratuita, fazem parte de um projeto que se iniciou em São Sebastião e que vai percorrer, além desses dois primeiros municípios, também Santos e Caraguatatuba, a partir de recursos providos pela Secretaria de Estado da Cultura, por meio do Programa de Ação Cultural (ProAC), que contemplou a Boa Companhia, devido à excelência artística do projeto e ao histórico do grupo.
Sob a direção artística de Verônica Fabrini, a Boa Companhia atua há 21 anos desenvolvendo pesquisas de linguagem que lhe garantem um lugar de destaque na cena contemporânea. A encenação do espetáculo Cartas do Paraíso, emblema dessa pesquisa, foi concebida a partir do trabalho do ator, nutrindo-se de elementos de outras artes cênicas, como a dança, música, performance e mídias audiovisuais, tendo, no elenco, Alexandre Caetano, Eduardo Osorio e Moacir Ferraz, integrantes do grupo desde a fundação, e Gustavo Valesi, ator convidado.
O espetáculo
A dramaturgia tem como principal fonte de inspiração cartas escritas por jesuítas, exploradores e viajantes, nos primeiros tempos desta Terra de Santa Cruz, Pindorama ou mítica Hi-Brasil. A radical diferença entre as duas visões de mundo foi o ponto de partida para a criação de uma poética luso-tropicalista, pautada na mestiçagem, no encontro e no confronto de imaginários tão ricos: o do Portugal renascentista e mercantilista e a cultura indígena brasileira, sendo ela mesma extremamente múltipla.
Nas primeiras cartas de jesuítas e viajantes, a terra nova é comparável a um paraíso na Terra (quiçá o próprio paraíso), o que, no imaginário cristão, evoca tensões. Por um lado, a ideia de um além, de um depois do fim e antes do princípio, lugar mítico na terra governado por Deus e pelo bem, território sagrado de concretização da experiência material/transcendental da vida. Por outro lado, a imagem de paraíso carrega tanto a ideia de redenção, paz e equilíbrio, quanto a ideia do pecado, da queda representada nas figuras de Eva, a serpente e o fruto do conhecimento. Poderia “paraíso” ter para nós um significado atual? Qual seria o nosso fruto proibido?
Apoiada em pesquisas bibliográficas, iconográficas e sonoras, a encenação busca orquestrar essas informações, sem, no entanto, pretender uma reconstrução histórica. O espetáculo acompanha as metamorfoses da ideia de Paraíso, projetada pelo imaginário europeu na terra de Pindorama (Terra de Santa Cruz), e busca a reverberação disso na construção de uma singularidade brasileira, acelerando a passagem do tempo, atravessando o movimento modernista (bradando tupi or not tupi!), o tropicalismo (Aqui é o Fim do Mundo, de Torquato Neto), até desembocar na complexidade atual da crise ambiental, da crise ética, neste cenário pré-apocalíptico de um mundo globalizado e bárbaro.
A oficina
Ministrada por Verônica Fabrini, diretora do espetáculo e da companhia, e por Eduardo Osório, que integra o elenco, a oficina Um corpo em estado de viagem será realizada nos dias 24 e 25 de maio, no Centro Comunitário de Cananéia. O intuito é compartilhar, com atores e interessados nas artes da cena, alguns procedimentos utilizados na montagem do espetáculo Cartas do Paraíso.
A partir do trabalho corporal e musical, a oficina explora, com os participantes, os fluxos entre personagem, figura cênica e “estados” inspirados pela ideia de viagem, dessa estranha suspensão que ocorre nos trânsitos, quando abandonamos um passado, mas ainda não habitamos um futuro. Essa sensação de estar no limite é o mote para dar corpo a alguns trechos escritos pelos primeiros viajantes de Pindorama – Vera Cruz.
Serviço: Espetáculo Cartas do Paraíso
Dias: 24 e 25 de maio – 20 horas – Centro Comunitário de Cananéia (Paulo Porfírio Paiva, s/n)
26 de maio – 16 horas – Aldeia Indígena do Acaraú
Entrada gratuita
Oficina: Um corpo em estado de viagem
Dias: 24 e 25 de maio - Horário: das 10h às 13h e das 14h às 18h
Local: Centro Comunitário de Cananéia
Inscrição gratuita - Mais informações:
Departamento Municipal de Cultura – (13) 3851-1930
Boa Companhia – (19) 3288-0267 -producao@boacompanhia.art.br
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