Durante muitos anos, o poder político em Iguape foi disputado
apenas por dois caciques: saía um, entrava outro, ou seu preposto, numa alternância
rotineira. A diferença entre uma administração e outra? Nenhuma! Apenas alguns
nomes se alternavam em cargos de confiança, e outro tanto na vereança. O que
um, às vezes, fazia mais importante que o outro era resultado de alguma verba extra,
mandada pelo Estado ou pela União. Mas os iguapenses estavam satisfeitos, com
esse campeonato sempre empatado. Tanto que, por muitos anos, nada fizeram para
mudar o quadro político, de Iguape.
Até que surgiu o problema “Ilha Comprida”. No início,
era apenas um bairro da cidade, preferido para passeios, por conta de suas
praias. Mas, com o tempo, “estrangeiros” foram se fixando por lá, tomando
consciência de seus problemas mas, principalmente, pressentindo seu futuro. Então,
quando a população da Ilha tomou corpo, começaram as reivindicações: melhorar
os caminhos de acesso, retirar o lixo, organizar a ocupação dos terrenos, etc.
O prefeito em exercício mandava um administrador, naturalmente de seu grupo, e
ia levando.
Mas os “ilhéus” nunca estavam satisfeitos. Aliás, também
do lado de cá, sempre houve reclamações, justas ou injustas. Durante uma dessas
reuniões reivindicatórias, quando se avolumaram as reclamações, os ilhéus ouviram
do prefeito da hora uma resposta-solução de estarrecer: “Se vocês não estão
satisfeitos com as condições da Ilha, por que não mudam para a cidade?” Foi
assim que o germe da cizânia foi se avolumando. Foi assim que começou a crescer
a ideia da separação da Ilha do município de Iguape, o que acabou acontecendo, tirando
deste a importância de 70% da arrecadação de impostos.
E é assim que caminham as coisas, não só nesta parte do
Estado de São Paulo, mas de todo Brasil. Por conta de relaxamento de uns e
ambições de outros (o excesso de caciques), dividem-se territórios (mesmo com
os Estados acontece isso), multiplicando os gastos com o funcionalismo, com o
poder, com a burocracia. No Brasil, há municípios que não conseguem nem pagar o
soldo dos vereadores, quanto mais dos funcionários. Então ficam reclamando dos
poderes centrais, Estados ou União, por mais verbas, por mais atenção, para fazer
aquilo que é necessário, nas cidades, mas para o qual eles não estão
preparados.
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