terça-feira, 28 de maio de 2013

“PARTIDOS DE MENTIRINHA”


Não sei por que tantos protestos pelas palavras do ministro do Supremo Tribunal, Joaquim Barbosa, sobre os “partidos de mentirinha” brasileiros. Para não ir muito longe, aposto que nem os dirigentes do Partido Comunista Brasileiro leram Marx, quanto mais seus minúsculos líderes e partidários que se espalham pelos estados e cidades brasileiras. Pensando bem, parece que não havia sinceridade partidária nem no tempo da ARENA e do MDB, um dizendo-se fiel aos generais, outro sendo contra eles.
        Se isso acontecia nos grandes centros urbanos e, até, na Capital da República, imagine-se no resto do país. Aqui, em Iguape, pelo que eu sei, desde tempos remotos havia dois partidos: o Cocho e o Berne. Agendas eram apenas artifício para o registro oficial das candidaturas. Eu disse “agendas”, nem se pense em ideologias. Democracia, Socialismo, Comunismo, Liberalismo, Capitalismo são ideologias guiadas por “cartilhas” pensadas, escritas, discutidas, que dividiram opiniões, provocaram revoluções e orientavam parcelas dos povos civilizados.  
        Agora que temos quase (parece, nem contei) quarenta partidos, aonde foram parar as ideologias? Se já eram escassas antes, o que dizer delas, hoje? Então, o Ministro tem toda razão: nossos partidos, como expressão de opinião, tendência ideológica, orientação dirigista, não têm o mínimo significado. Isso não significa, entretanto, que estejamos piores ou melhores do que em outras eras, quando os grandes líderes políticos (Getúlio Vargas, Luiz Carlos Prestes) sabiam o que queriam e pensavam segundo um conjunto de ideias estudadas, pregadas e defendidas por pensadores de peso.

        Apesar de todas as desculpas que possamos arranjar para justificar essa situação, entretanto, isso não consegue dirimir o mal que resulta dessa, e aqui a palavra é pesadamente válida, ignorância dos políticos brasileiros, a respeito da ideologia que está, ou deveria estar, por trás da legenda que defende. Nas pequenas cidades brasileiras, e aqui o Vale do Ribeira entra com tudo, a barganha, a mudança, o entra e sai nas legendas políticas é uma barbaridade, para dizer pouco. Pode-se dizer que a situação não seria diferente, isto é, o progresso do Vale não viria, mesmo, ainda que seus dirigentes tivessem consciência da bandeira política que defendem. Isso é verdade, mas aqui chegamos a uma triste conclusão: a ignorância ideológica, a existência de “partidos de mentirinha” são a consequência do atraso, não sua causa!

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