Não sei por que tantos
protestos pelas palavras do ministro do Supremo Tribunal, Joaquim Barbosa,
sobre os “partidos de mentirinha” brasileiros. Para não ir muito longe, aposto
que nem os dirigentes do Partido Comunista Brasileiro leram Marx, quanto mais seus
minúsculos líderes e partidários que se espalham pelos estados e cidades brasileiras.
Pensando bem, parece que não havia sinceridade partidária nem no tempo da ARENA
e do MDB, um dizendo-se fiel aos generais, outro sendo contra eles.
Se isso
acontecia nos grandes centros urbanos e, até, na Capital da República,
imagine-se no resto do país. Aqui, em Iguape, pelo que eu sei, desde tempos remotos
havia dois partidos: o Cocho e o Berne. Agendas eram apenas artifício para o registro
oficial das candidaturas. Eu disse “agendas”, nem se pense em ideologias.
Democracia, Socialismo, Comunismo, Liberalismo, Capitalismo são ideologias
guiadas por “cartilhas” pensadas, escritas, discutidas, que dividiram opiniões,
provocaram revoluções e orientavam parcelas dos povos civilizados.
Agora que
temos quase (parece, nem contei) quarenta partidos, aonde foram parar as
ideologias? Se já eram escassas antes, o que dizer delas, hoje? Então, o
Ministro tem toda razão: nossos partidos, como expressão de opinião, tendência
ideológica, orientação dirigista, não têm o mínimo significado. Isso não
significa, entretanto, que estejamos piores ou melhores do que em outras eras,
quando os grandes líderes políticos (Getúlio Vargas, Luiz Carlos Prestes)
sabiam o que queriam e pensavam segundo um conjunto de ideias estudadas,
pregadas e defendidas por pensadores de peso.
Apesar de
todas as desculpas que possamos arranjar para justificar essa situação,
entretanto, isso não consegue dirimir o mal que resulta dessa, e aqui a palavra
é pesadamente válida, ignorância dos políticos brasileiros, a respeito da
ideologia que está, ou deveria estar, por trás da legenda que defende. Nas pequenas
cidades brasileiras, e aqui o Vale do Ribeira entra com tudo, a barganha, a
mudança, o entra e sai nas legendas políticas é uma barbaridade, para dizer
pouco. Pode-se dizer que a situação não seria diferente, isto é, o progresso do
Vale não viria, mesmo, ainda que seus dirigentes tivessem consciência da
bandeira política que defendem. Isso é verdade, mas aqui chegamos a uma triste
conclusão: a ignorância ideológica, a existência de “partidos de mentirinha” são
a consequência do atraso, não sua causa!
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