quarta-feira, 1 de maio de 2013

ENFIM, (MAIS) UM VEREADOR LETRADO



         
            Enfim, depois de séculos de funcionamento (confirmem com o ilustre historiador iguapense, Roberto Fortes, a existência de Câmara em Iguape, há trezentos anos), a Câmara de Vereadores de Iguape acolhe (mais) um vereador letrado. Como “letrado” queremos dizer, não quem sabe apenas ler, mas quem lê, realmente, coisas mais importantes do que artigos de jornal, revista ou esparsos capítulos da Bíblia (os “crentes” andam de olho no poder, como se sabe! – Vide caso de Miracatu). Pois o nobre edil, para quem não sabe, é capaz de discorrer, com muita propriedade, tanto sobre a linguística de Chomsky, quanto sobre a ficção de Borges, o que, como se diz, aqui em Iguape, “não é pouca porcaria!” Esse fato o coloca em evidência, tanto no plenário da Câmara, como nas páginas de humor de alguns jornais regionais. (Aqui cabe uma observação, supérflua, mas necessária: cultura, em Iguape, é motivo de piadas, não de admiração.) (Observação menos supérflua: coloquei (mais) linhas acima, porque já tivemos outros ilustres e bem letrados vereadores, na Câmara – a palavra inicial, Enfim, quer dizer que esses letrados são raros, mas não inexistentes).
            Pois, eis que deparamos, na semana passada, com uma pequena advertência, num dos jornais locais, ao nobre edil: “Gostaríamos de sugerir ao vereador X que usasse palavras mais fáceis para o povo entender”. (Aqui, até eu me ofendi, afinal o povo não é tão ignorante assim, ou, pelo menos, por deferência, não deveria ser assim considerado, apesar de votarem em Renan, Maluf e Feliciano!). Mas, prossegue o digno jornalista: “O que se comenta nas ruas é que o vereador tem se saído muito bem sucedido (nota-se que o jornalista tropeça nas palavras como um bêbado nas pedras do calçamento de Iguape!) em seus trabalhos, mas quando vai explicar sobre o mesmo, fica quase que impossível de entender. Sabemos que não é por querer. O vocabulário do vereador deixa o Aurélio no chinelo”.
           Para ilustrar sua preocupação com o entendimento ou desentendimento, entre o vereador e seu público, o jornalista narra um hipotético diálogo doméstico do vereador:
          - Por que chegou tarde X. Pode explicar? Hem?
          - (Vereador) Bom, minha querida e amada esposa, tenho uma explicação um pouco complexa...se me permite à parte (NB. Essa nem eu entendi! – Acho que o redator queria dizer “um aparte”, mas vamos lá). É que a complexidade das vias as quais tive que percorrer durante a minha vinda, tive que passar por um trecho no qual teria a possibilidade de encontrar um determinado grupo ou até mesmo apenas um indivíduo que me pediria uma análise pessoal sobre os trabalhos da casa!”, e por aí vai....Mas não queremos cansar o leitor. Acho que dá para entender, tanto a retórica do vereador, como o bom humor do jornalista, ou do cidadão ao qual ele atribui o chiste!  

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