terça-feira, 21 de maio de 2013

CORRUPÇÃO – PRAGA NACIONAL




NOTÍCIA 1: “A Prefeitura de São Paulo exigirá que seus 135 mil funcionários ativos informem seus patrimônios.”
NOTÍCIA 2: “Há 813 servidores com patrimônios imobiliários eu valem trinta vezes os rendimentos que receberam da “Viúva” (República brasileira, no modo irônico do jornalista) nos últimos dez anos”
NOTÍCIA 3: “Outros 858 acumularam patrimônios 35 a 50 vezes maiores que o total de seus rendimentos”.
NOTÍCIA 4: “Sessenta bateram a marca das cem vezes e, no cercadinho VIP, ficam cinco gênios financeiros. Eles amealharam, só em imóveis, o equivalente a 576 vezes o que receberam”.
        Quando se fala em corrupção, entre nós, pensamos logo nos políticos em atividade. Ledo engano. Pelo poder que eles têm, seu comportamento é até modesto, no terreno da malandragem. No Brasil como em outros países atrasados (sim, a corrupção faz parte do atraso social dos povos) esse comportamento não é um privilégio dos políticos, mas de uma boa parte da população. E a corrupção não é derivada do mau-caratismo, somente, mas um modo de sobrevivência.
        Exemplos:
1)   Quando providenciava os papéis para a abertura de uma empresa, em São Paulo, tive que entrar em contato com várias repartições públicas. O esquema era o seguinte: a gente chegava no balcão e entregava os papéis. Começava o diálogo com o recepcionista: “Daqui há quinze dias fica pronto”. “Puxa, mas eu precisava disso logo!”. “Bem, me dá aí quinhentão que eu arrumo tudo dentro de uma hora!”
Alguém é capaz de dizer que ficaria no protesto, ou se disporia a denunciar o corrupto, sabendo que aquele “quinhentão” ia ser dividido entre vários funcionários, inclusive o diretor da repartição?
2)   Fui tirar um “atestado de residência” (a exigência desse documento já faz parte das barbaridades deste país), na delegacia. O recepcionista informou: “O senhor compra um formulário, preenche e entrega aqui. Em quinze dias, ele fica pronto.” “Mas eu precisava disso prá hoje ou, no máximo, para amanhã”. “Então eu aconselharia ir ao despachante, logo ali, do outro lado da rua”.
Fui ao despachante, dei os dados (não precisei provar nada: se eu desse qualquer endereço, o resultado seria o mesmo), ele preencheu os papéis, pediu para que eu aguardasse dez minutos, atravessou a rua e voltou com a assinatura do delegado. “R$ 50,00 reais.”

        Agora, a pergunta que não quer calar: “O corruptor (eu, no caso) também não faz parte do esquema de corrupção?” Pois é, somos todos corruptos, pela necessidade de sobrevivência. Sem o “jeitinho” não conseguimos nem uma merda de atestado de residência, neste país. Sem contar que no meio desse processo nojento, estão diretores, delegados, e outros “próceres públicos”, homens que, por função e obrigação, deveriam cuidar para que as leis fossem cumpridas.  

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