sexta-feira, 10 de maio de 2013

DISPERSÃO/CONCENTRAÇÃO DOS TALENTOS





O que faz um nigeriano, um indiano, um mexicano, um brasileiro, ou outro cidadão qualquer de um país meio-desenvolvido, quando percebe que seu talento não cabe nos limites das exigências de sua terra natal? Emigra. Os indianos vão para o Reino Unido, os nigerianos para a França, os mexicanos e brasileiros vão para os Estados Unidos. O intelectual, o administrador ou qualquer tipo de profissional talentoso, se deu azar de nascer num lugar que não o entende e, consequentemente, não o valoriza, sai de sua terra e vai desenvolver seu talento em outras plagas.
        Em escala menor, em termos geográficos, mas muito maior, em termos numéricos, acontece a mesma coisa no interior dos países. Um “able guy” texano talvez prefira ir para Nova York, em vez de ficar amansando cavalos em sua terra, um “muchacho ingenioso” da Patagônia vai mostrar seu talento em Buenos Aires, um nordestino arretado vem para São Paulo. “Ninguém consegue ser profeta em sua terra natal”. Podemos substituir a palavra profeta por hábil, talentoso. Também é preciso considerar que esse fenômeno é mais comum nas pequenas cidades. Em grandes centros, o cidadão que ali nasceu pode se tornar um grande homem, porque a dimensão da cidade faz com que os relacionamentos de cada pessoa se resumam aos seus vizinhos ou colegas de trabalho. Então, uma grande cidade é composta por múltiplas comunidades, o que faz com que cada cidadão seja um ilustre desconhecido para a maioria de seus conterrâneos. Como “estranho”, isto é, não dependendo de amizades, “indicações” e parentescos, ele tem muito mais facilidade de desenvolver e aplicar seu talento e suas habilidades.
        Por que será que isso acontece? Há muitas explicações, mas podemos começar pelas exigências do meio. Uma cidade grande exige das pessoas muito mais esforço pela própria sobrevivência, o que limita os fracos e faz sobressair os fortes (digo fortes de talento, não de esperteza: esta também ajuda, mas nem sempre). Por outro lado, nas cidades pequenas, onde todos se conhecem, com poucas exceções, as oportunidades são concedidas na base da amizade, do parentesco, e não em função do talento. Por isso, quem se julga, de certo modo, injustiçado, emigra.
        Do que resulta isso? A resposta pode ser medida pela fácil observação: estagnação das pequenas cidades e progresso contínuo dos grandes centros urbanos. As metrópoles podem contar com um contínuo acréscimo de mão-de-obra de boa qualidade, enquanto as pequenas cidades têm que se contentar com aqueles que não querem arriscar um grande salto. Está claro que nem sempre é o conformismo que faz o indivíduo se contentar com o que o nascimento lhe proporcionou. Também nem sempre é o talentoso que emigra. Não estamos falando de um fenômeno de modo absoluto, mas apontando um fato que explica em parte a dificuldade com que lidam as regiões e países subdesenvolvidos, bem como a razão pela qual melhoram cada vez mais, cidades e países prósperos.
        

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