domingo, 5 de maio de 2013

IGUAPE, CIDADE DO HUMOR FRATERNAL





O COTIDIANO DE UMA CIDADE

Nota de esclarecimento:

Quando voltei a morar em Iguape, há mais ou menos dez anos atrás, tive oportunidade de observar e anotar as mudanças de hábito, entre os meus conterrâneos e os novos habitantes da cidade, no longo período que morei “fora”. O artigo abaixo faz parte da manifestação dessa estranheza, e consta de um pequeno livro que publiquei, pouco depois de minha volta, denominado “IGUAPE, CIDADE DO HUMOR FRATERNAL”, um conjunto de reminiscências, observações e considerações sobre nossa cidade. 
    
         ESPAÇO PÚBLICO RAREFEITO

Houve um tempo em que os iguapenses mantinham um estreito contato com sua cidade e com seus próprios conterrâneos, pelo hábito de visitação mútua, da conversa à porta das casas, grande frequência aos bares e clubes, os “treinos” de futebol, para crianças e rapazes, além da natação mais lúdica que atlética, no Valo Grande. Afora isso, havia os passeios pelos pontos pitorescos da cidade, como a Fonte de Cima, o Morro da Espia, a Porcina, e mais o “footing” de fim de semana, na Praça da Matriz. Com o tempo, foi-se desenvolvendo o gosto pelos banhos de mar, principalmente pelos jovens, na Ilha Comprida, a única opção de praia próxima. O hábito da leitura era raro e, para o entretenimento no lazer caseiro, havia apenas o rádio, com suas músicas e novelas.
Para algumas pessoas, em nossos dias, esses antigos hábitos, o passeio, as visitas, as conversas eram apenas uma forma de ocupar o tempo ocioso, na falta de coisa melhor a fazer. Segundo essa visão, os hábitos sociais dos iguapenses, no momento, estão bem “atualizados”, isto é, uma boa parte de seus cidadãos está se comportando como os mais modernos habitantes das grandes metrópoles: mal visitam seus parentes, encontram seus amigos nas filas dos guichês de bancos, dizem um alô aos conhecidos entre uma prateleira e outra do supermercado. Entretanto, é duvidoso que, numa tarde de domingo, uma criança prefira o Gugu e suas “novidades”, a jogar bola, nadar no rio ou passear com a família na Fonte de Cima.
Deixando de lado qualquer saudosismo, é de se lamentar ou, pelo menos, de se estranhar que, numa pequena cidade como Iguape, se tenha perdido o hábito de passear nas ruas, já que aqui não estamos sob a ameaça de comparecer às turbulentas crônicas do Datena, com seus tiroteios e assaltos. Pela solidão observada nas ruas da cidade, numa tarde de domingo, parece que os habitantes da cidade se “auto-sequestram”, em suas próprias residências, onde se postam, passivas e entediadas, diante dos programas dominicais da TV, cheios de ruído e vazios de conteúdo. 

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