Ontem fui a uma praça
assistir à passagem da Procissão de Corpus Christi. É uma cerimônia tradicional,
portanto tudo o que vi era a repetição de outros anos. Mas havia uma notável diferença:
o reduzido número de fieis a cumprir o ritual e, também, o daqueles que estavam
assistindo à passagem do cortejo. Na hora, só fiquei admirado, mas nem cogitei
das possíveis causas disso. Mais tarde, lembrando do fato, cogitei de três
possibilidades: o reduzido número de fieis dispostos a acompanhar uma procissão
teria três possíveis causas: descrença, comodismo e...pentecostais.
Quando se
fala em descrença, pensa-se, imediatamente, em esclarecimento, assim, do tipo
filosófico. Nem sempre é o caso e, acho que no caso em pauta, não dá nem para
admiti-lo. Não há nenhum sinal de que nosso povo, e estendo o dado “povo” àquele
de todas as pequenas cidades brasileiras, esteja, assim, tão mais esclarecido
que seus antepassados. Até, pelo contrário, o que se nota é um desinteresse
generalizado pela cultura, que permeia a população, entre todos os níveis socioeconômicos.
Antigamente, quem não tinha condições de adquirir cultura, pelo menos
respeitava as pessoas mais escolarizadas, hoje nem isso.
Comodismo
também influencia. Entre assistir um programa de televisão sentado em casa e
enfrentar o frio de maio, na rua, muitos optam pelo primeiro. Procissão é coisa
cansativa. Além do mais, ainda que isso não seja falado nem, talvez, pensado,
aquele desfile de crentes compungidos, cabisbaixos, naquele passo lento, não
entusiasma mais aqueles que estão se criando no pula-pula de músicas malucas, cheias
de “som e fúria”, futebol, lutas de UFC
e corridas de carro.
Mas, apesar
de todos os fatores acima citados, ainda acho que a principal causa da diminuição
de pessoas dispostas a cumprir os rituais da Igreja Católica é a adesão
progressiva de um número muito grande de cidadãos aos ritos pentecostais. Não
sei qual a vantagem ou o atrativo que está levando tantas pessoas a aderir às Igrejas
Pentecostais, mas o fato é que seus templos se multiplicam, aqui em Iguape,
como no resto do Brasil. Enquanto escrevo isto, posso contemplar, pela janela,
mais uma dessas casas com um nome de Igreja que eu ainda nem conhecia, e está
bem do outro lado de minha rua. Se continuar nesse ritmo, acredito que a Igreja
Católica vai ter que criar um novo discurso, modificar seus ritos, não sei
como, pois não dá para adivinhar os pensamentos daqueles que estão em busca de
Deus.
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